OBJETIVO: Avaliar a morbi-mortalidade hospitalar e a qualidade de vida de pacientes, acima de 70 anos de vida, submetidos à operação de revascularização do miocárdio (CRM). CASUÍSTICA E MÉTODOS: No período de julho de 1992 a fevereiro de 2000, foram realizadas 507 CRM, no Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Instituto de Moléstias Cardiovasculares de Cascavel. Em 70 destes casos os pacientes tinham idade igual ou superior a 70 anos. Neste grupo predominou o sexo masculino, em 57% dos casos, e a idade média foi de 72,9 anos (70-85 anos). Vinte e seis pacientes apresentavam hipertensão arterial sistêmica, 25 doença pulmonar obstrutiva crônica importante, 17 diabete melito e 8 insuficiência renal crônica, no pré-operatório. Trinta e sete pacientes apresentavam infarto agudo do miocárdio (IAM) pré-operatório, sete haviam sido submetidos à angioplastia transluminal percutânea, sete apresentavam lesão de tronco de artéria coronária esquerda e um havia sido submetido à CRM anteriormente. Foram realizados 2,8 enxertos/ paciente, sendo usados condutos arteriais em 53% dos casos. Foi realizada endarterectomia em sete artérias, aneurismectomia de ventrículo esquerdo em sete pacientes e ventriculectomia parcial esquerda em um. A operação foi realizada em caráter de emergência em nove casos. Houve necessidade de contrapulsação aórtica em quatro pacientes. RESULTADOS: O tempo médio de permanência na UTI e no hospital foi de 4 (1-24) e 12,2 (3-34) dias, respectivamente. A mortalidade hospitalar geral foi de 7,1%. Quando analisada por subgrupos, a mortalidade dos pacientes de 70 a 74 anos (57 casos) foi de 5,3%, e a dos últimos 35 casos de 2,8%. No pós-operatório imediato, as complicações mais freqüentes foram: insuficiência respiratória (10), arritmia atrial (7), alteração de conduta (6), infecção pulmonar (6), embolia pulmonar (5), síndrome de baixo débito (4), IAM (3), AVC (3), insuficiência renal aguda (4) e mediastinite (1). No seguimento tardio, quatro (6,1%) pacientes foram a óbito, dois deles por causas não cardíacas. CONCLUSÃO: Diante destes resultados, os autores acreditam que a CRM pode ser realizada em indivíduos com idade superior a 70 anos, com mortalidade semelhante ao grupo total de pacientes submetidos à operação de revascularização do miocárdio. Entretanto, considerando-se as altas taxas de morbidade, há necessidade de indicação criteriosa e de preparo rigoroso para diminuir as complicações pós-operatórias.
OBJECTIVE: In this study, the hospital morbidity and mortality, in patients older than 70 years of age, submitted to coronary artery bypass grafting (CABG), and in their quality of life. MATERIAL AND METHODS: Between July 1992 and February 2000, 507 CABG were performed at the Cardiovascular Surgery Department of the "Instituto de Moléstias Cardiovasculares de Cascavel", being 70 patients older than 70 years of age. Fifty seven percent of the patients were male, and the mean age was 72.9 years (70-85 years). Twenty six patients had, pre-operatively, systemic arterial hypertension, 25 severe chronic obstructive pulmonary disease, 17 diabetes mellitus and eight chronic renal insufficiency; thirty seven patients presented with pre-operative myocardial acute infarction, seven had been submitted to a percutaneous transluminal coronary angioplasty, seven had left main coronary disease and one had previous CABG. The mean number of grafts/ patient was 2.8, being in 53% arterial conduits. In seven patients an endarterectomy was performed, in another seven a left ventricular aneurismectomy and in one a partial left ventriculectomy. Nine cases were performed in an emergency way. Intraaortic balloon pump was used in four cases. RESULTS: The mean intensive care and hospital stay was 4 (1-24) and 12.2 (3-34) days, respectively. The global hospital mortality was 7.1%. When analysed by subgroups, the 70 to 74 years of age patients' mortality was 5.3%, and that of the last 35 patients was 2.8%. During the postoperative period the most important complications were respiratory failure (10), atrial arrhythmia (7), mental confusion (6), pulmonary infection (6), pulmonary emboli (5), low output syndrome (4), hospital acute myocardial infarction (3), stroke (3), acute renal insufficiency (4) and mediastinitis (1). In the late follow-up four (6.1%) patients died, being two cases by non-cardiac causes. CONCLUSION: In view of these results, the authors believe that CABG can be performed in patients older than 70 years of age, with a mortality almost as the same as the all group, but due to the high morbidity, we should have strict criteria and preparation, in order to lower the postoperative complications.