RESUMO Introdução: A relação entre as disfunções temporomandibulares (DTMs) e o tratamento ortodôntico/más oclusões teve como base uma associação de causa e efeito, e acabou migrando para um conceito sem evidência suficiente. Objetivo: A presente pesquisa foi desenhada para avaliar as crenças de diferentes especialidades - ortodontistas, cirurgiões bucomaxilofaciais e especialistas em Medicina Oral -, sobre a relação entre DTMs e a terapia ortodôntica, quanto ao tratamento, prevenção e etiologia das DTMs. Métodos: Foi feito um levantamento em formato de questionário, enviado para ortodontistas, cirurgiões bucomaxilofaciais e especialistas em Medicina Oral (180, 193 e 125, respectivamente) envolvidos ativamente no tratamento de DTMs. O questionário teve como objetivo coletar informações básicas sobre cada profissional, suas crenças e a conduta clínica em pacientes com DTM. Resultados: Metade dos ortodontistas que responderam e a maioria dos cirurgiões bucomaxilofaciais (69,9%) eram homens, enquanto a maioria dos especialistas em Medicina Oral (83,3%) era de mulheres. A idade dos participantes variou de 29 a 58 anos. A maioria dos ortodontistas acredita que não há relação entre tratamento ortodôntico e DTMs, e que o tratamento ortodôntico não provoca DTMs ou evita o aparecimento da disfunção. No entanto, cirurgiões bucomaxilofaciais e especialistas em Medicina Oral apresentam ideias diferentes e conflitantes. A maioria dos cirurgiões tendeu a tratar esses pacientes, enquanto a maioria das outras especialidades apresentou a tendência de buscar uma abordagem multidisciplinar. O teste do qui-quadrado foi realizado para encontrar uma associação entre a quantidade de encaminhamentos e a experiência dos especialistas, e para realizar uma comparação entre as crenças das diferentes especialidades. Conclusões: A crença dos ortodontistas esteve em acordo com a evidência científica, enquanto a maioria dos cirurgiões e dos especialistas em Medicina Oral acredita que o tratamento ortodôntico pode provocar DTMs. Dessa forma, o desenvolvimento de programas de educação continuada é importante para reforçar a necessidade da abordagem multidisciplinar e melhorar os cuidados orais e a qualidade de vida desses pacientes.
ABSTRACT Introduction: The relationship between temporomandibular disorders (TMDs) and orthodontic treatment/malocclusion has changed from a cause-and-effect association to an idea without sufficient evidence. Objective: This survey was designed to assess the beliefs of different disciplines - orthodontists, oral surgeons, and oral medicine specialists - on the relationship between TMDs and orthodontic treatment, with regard to treatment, prevention and etiology of TMDs. Method: A survey in the form of questionnaire was designed and distributed to 180 orthodontists, 193 oral surgeons and 125 oral medicine specialists actively involved in treating TMDs. The questionnaire aimed to collect basic information about each participant and their beliefs, and clinical management of patients with TMDs. Results: Halve of the responding orthodontists and most of the oral surgeons (69.9%) were male participants, whereas the majority of oral medicine specialists (83.3%) were female respondents. The participants’ age ranged from 29 to 58 years. The majority of orthodontists believes that there is no relationship between orthodontic treatment and TMDs, and that orthodontic treatment does not provoke TMDs or prevent the onset of the disorder. However, oral surgeons and oral medicine specialists have different and conflicting opinions. Most surgeons tended to treat those patients, while most of the other two disciplines tended to seek an interdisciplinary approach. Chi-square test was done to find an association between the referral status and specialists’ experience, and to compare between the different disciplines’ belief. Conclusions: Orthodontist’s beliefs were in accordance with the scientific evidence, whereas most oral surgeons and oral medicine specialist believed that orthodontic treatment may provoke TMDs. Therefore, continuing program series development is important to embrace the concept of the multidisciplinary team approach and improve the health care and quality of life for those patients.