No período de outubro de 1989 a maio de 1997, 40 pacientes portadores de dissecção aórtica, aneurisma da aorta, coarctação da aorta ou doença oclusiva aorto-ilíaca foram submetidos a reconstrução da aorta utilizando-se conduto de pericárdio bovino corrugado processado em glutaraldeído. A reconstrução total da aorta ascendente com substituição da valva aórtica e reimplante das artérias coronárias foi realizada em 9 pacientes, a simples substituição da aorta ascendente em 6, aorta torácica descendente em 2, arco aórtico em 1, aorta toracoabdominal em 1 e a aorta abdominal foi reconstruída em 21, incluindo pacientes submetidos a reconstrução aorto-ilíaca ou aorto-femoral. A mortalidade hospitalar foi de 8 (20%) pacientes e as causas de óbito foram baixo débito cardíaco, recidiva da dissecção aórtica, falência de múltiplos órgãos e sangramento. O seguimento total foi de 128,4 pacientes-anos, com um seguimento médio de 4 anos por paciente. Complicações tardias relacionadas ao conduto vascular foram observadas em 4 pacientes, incluindo obstrução de um dos ramos do tubo bifurcado utilizado para reconstrução aorto-femoral e infecção em 3, resultando em degeneração secundária do conduto e formação de pseudo-aneurisma. Os 4 pacientes foram submetidos a reoperações, correspondendo a uma incidência de 3,1% ± 1,6% por paciente/ano. Ocorreram 5 óbitos tardios e as causas foram morte súbita, doença coronariana, pneumonia, septicemia e complicações metabólicas resultantes de diabetes e insuficiência renal crônica, correspondendo a uma incidência de 3,9% ± 1,7% por paciente/ano. A sobrevida atuarial em 9 anos foi 61,5% ± 9,2%, incluindo a mortalidade cirúrgica e a sobrevida atuarial livre de degeneração tissular estrutural primária do conduto biológico foi de 100%. O corrugamento do pericárdio, resultante da incorporação do princípio crimping utilizado nas próteses vasculares sintéticas, proporciona um conduto circular, que facilita a realização da anastomose, mantém a forma tubular mesmo quando fletido e evita o acotovelamento. O pericárdio é muito macio, fácil de ser manipulado, suturado e coapta muito bem nas linhas de sutura, resultando uma anastomose hemostática. O seguimento de 9 anos demonstrou um desempenho satisfatório deste substituto vascular biológico, não ocorrendo casos de fibrose, calcificação ou dilatação aneurismática.
From October 1989 to May 1997, 40 patients with aortic dissection, aortic aneurysm, aortic coarctation or aorto-iliac occlusive disease, underwent reconstruction of their aorta using crimped bovine pericardial conduits processed in glutaraldehyde. Total reconstruction of ascending thoracic aorta and aortic valve with reimplantation of coronary arteries was performed in 9 patients, single ascending thoracic aorta in 6, descending thoracic aorta in 2, aortic arch in 1, thoracoabdominal aorta in 1 and the abdominal aorta was reconstructed in 21, also including patients undergoing aortoiliac or aortofemoral bypass. Hospital mortality was 20% (8 patients) and causes of death were low cardiac output, recurrence of aortic dissection, multiple organ failure and bleeding. Total follow-up was 128.4 patient-years with a mean follow-up of 4 years per patient. Late complications related to the conduit were observed in 4 patients, including a limb obstruction in 1 patient subjected to aorto-femoral bypass and infection in 3, resulting in pseudoaneurysm. All of them underwent reoperations, corresponding to an incidence of 3.1% ± 1.6% per patient-year. There were 5 late deaths and the causes were sudden death, coronary artery disease, pneumonia, septicemia, and metabolic complications of diabetes and renal failure, corresponding to an incidence of 3.9% ± 1.7% per patient-year. The 9-year actuarial survival was 61.5% ± 9.2%, including the surgical mortality, and the 9-year actuarial freedom from conduit failure due to primary tissue structural degeneration was 100%. The crimping design, similar to that used for synthetic vascular prosthesis, provides a circular tube which makes the construction of the anastomosis easier, retains its shape with bending and avoids kinking. The pericardium is very soft, easy to handle and suture, coapts nicely to suture lines resulting in a hemostatic anastomosis. The 9-year follow-up demonstrated a satisfactory performance, without any evidence of fibrosis, calcification or aneurysmal dilatation.