Resumo Pessoas transgênero são aquelas cuja identidade de gênero difere da que lhes foi designada no nascimento. A população transgênero brasileira é estimada em 2% da população adulta do Brasil, contabilizando cerca de 3 milhões de pessoas, cujas vidas são continuamente atravessadas por situações de violência física e psicológica, discriminação e dificuldade de acesso a serviços e ao mercado de trabalho, e que, por tais razões, são uma população em caráter de vulnerabilidade. A partir de uma perspectiva pautada na Psicologia Positiva, o presente estudo buscou identificar possíveis fontes de saúde mental presentes em pessoas trans, investigando as variáveis esperança, otimismo e estratégias de coping e suas relações com a saúde mental nessa população. A amostra final contou com 228 pessoas transgênero brasileiras, entre transmasculinas (99), transfemininas (42), travestis (11) e não binárias (76), com idades variando entre 18 e 64 anos (M=24,8; Mdn=22). Os participantes foram recrutados principalmente por meio de redes sociais, em que responderam questionários online do tipo survey. Otimismo e esperança obtiveram níveis abaixo da média, enquanto depressão, ansiedade e estresse apresentaram-se acima da média. A etapa do desenvolvimento mais avançada (adolescência, adultez jovem e adultez tardia) pareceu afetar de forma positiva em relação às variáveis de interesse, enquanto raça e identidade de gênero tiveram impacto em outras variáveis, como depressão e coping focado na emoção. Identificou-se a possível contribuição do otimismo e esperança para com a saúde mental dos participantes, indicando ambos os construtos como potenciais possibilidades de trabalho clínico e investimento de psicólogos e pesquisadores que atuem com a população trans. Novos estudos devem ser realizados a fim de replicar ou refutar os presentes resultados, bem como de expandir as contribuições da psicologia positiva para populações marginalizadas.
Resumen Las personas transgénero son aquellas cuya identidad de género difiere de la que se les asignó al nacer, lo que hace vulnerable a esta población. La población transgénero brasileña se estima en alrededor del 2% de la población adulta de Brasil, lo que representa en torno a 3 millones de personas, cuyas vidas se ven continuamente atravesadas por situaciones de violencia física y psicológica, discriminación y dificultad para acceder a los servicios y al mercado laboral. Desde una perspectiva basada en la Psicología Positiva, este estudio buscó identificar posibles fuentes de salud mental presentes en personas trans, investigando las variables esperanza, optimismo, estrategias de afrontamiento y sus relaciones con la salud mental en esta población. La muestra final estuvo conformada por 228 individuos brasileños, con edades variando desde 18 hasta 86 años (24,8; Mdn=22), entre transmasculinos (N=99), transfemeninos (N=42), travestis (N=11) y no binarios (N=76), reclutados principalmente a través de las redes sociales, quienes respondieron cuestionarios online tipo encuesta. El optimismo y la esperanza obtuvieron niveles justo por debajo del promedio, mientras que la depresión, la ansiedad y el estrés se ubicaron por encima del promedio, indicando grados moderados de enfermedad mental, lo que ya se esperaba en esta población. La etapa de desarrollo más avanzada pareció afectar positivamente las variables de interés, aunque la raza y la identidad de género también afectan ciertos constructos, como la depresión y el afrontamiento centrado en la emoción. Se identificó el posible aporte de optimismo y esperanza a la salud mental de los participantes, con posibilidades de trabajo clínico e investigación para psicólogos que atiendan personas transgénero. Se deben realizar nuevos estudios para replicar o refutar los resultados de este análisis, así como ampliar los aportes de la Psicología Positiva a poblaciones marginadas.
Abstract Transgender people are those whose gender identity matches a gender other than that assigned at birth, a population that is considered vulnerable. The Brazilian transgender population is estimated to total around 2% of all its adults (about three million people), the lives of whom continually suffer the impacts of physical and psychological violence, discrimination, and difficulty accessing services and joining the work force. Following a positive psychology perspective, this study aims to identify possible sources of mental health for trans people by investigating hope, optimism, coping strategies, and the associations of these variables with mental health in this population. The final sample consisted of 228 transmasculine (99), transfeminine (42), travesti (11), and non-binary participants (76) who were mainly recruited by social media and answered questionnaires. Participants’ ages varied from 18 to 86 years (M=24,8; Mdn=22). Optimism and hope had slightly below average scores, whereas depression, anxiety, and stress lied above average. Older developmental stages seemed to positively affect most studied variables, whereas race and gender identity seemed to impact specific constructs, such as depression and emotion-focused coping. This study found both the possible contributions of hope and optimism toward the mental health of the participants, including the potential for clinical practice as well as research for psychologists working with transgender people. New studies must be conducted to replicate or refute these results and expand the contributions of positive psychology for marginalized populations.