Abstract The tragic murder of João Carlos Satti, a well-known politician and journalist from Porto Alegre, mobilizes the media and the society of Rio Grande do Sul in the 1980s. Cecília, the daughter of the main suspect and a fellow legislative assembly member, recounts these events, mapping out the city she left behind to become a successful taxidermist in the United States. This is the premise of Diorama, a novel by Carol Bensimon (2022), which delves into the fictionalization of one of the most emblematic crimes witnessed by Rio Grande do Sul: the murder of journalist and state deputy José Antônio Daudt, a strong and controversial figure in the scenario at the time. Balancing between lived history and imagined history, the author employs a complex narrator, who oscillates between two distinct periods: her childhood in the 1980s and thirty years later, when she lives in the United States and decides to return to Porto Alegre. This article aimed to investigate the narrative devices of the ingenious construction of Diorama, which at times presents a third-person voice and at others a first-person voice, while also discussing the importance of space in the development of both the character and the work as a whole: the house in Porto Alegre; the museums where the protagonist works; places and non-places that reflect Cecília's actions and deepen the novel's intimate and detective story elements. Furthermore, Diorama rescues a crime of homophobia in the silencing of the voices of marginalized groups, even those who flirt with power, as was the case with Satti/Daudt. As theoretical framework, the text draws on names such as Brian Richardson, Otto Bollnow, Marc Augé, Erich Fromm, Luis Alberto Brandão, Luiz Antonio Assis Brasil, among others.
Resumo O trágico assassinato de João Carlos Satti, conhecido político e jornalista de Porto Alegre, mobiliza a mídia e a sociedade gaúchas nos anos de 1980; Cecília, a filha do principal suspeito e colega de assembleia legislativa, reconta esses acontecimentos, mapeando a cidade que abandonou para se transformar numa bem-sucedida taxidermista nos Estados Unidos. Esse é o mote de Diorama, romance de Carol Bensimon (2022), que mergulha na ficcionalização de um dos crimes mais emblemáticos que o Rio Grande do Sul já presenciou: o assassinato do jornalista e deputado estadual José Antônio Daudt, figura forte e polêmica do cenário gaúcho da época. Equilibrando-se entre a história vivida e a história imaginada, a autora lança mão de uma narradora complexa, que se divide entre dois tempos distintos: o da infância, nos anos 1980, e trinta anos depois, quando vive nos Estados Unidos e decide retornar a Porto Alegre. Esse artigo pretende investigar os artifícios narrativos da engenhosa construção de Diorama, que ora traz uma voz em terceira pessoa, ora em primeira, ao mesmo tempo em que debate a importância do espaço na concepção da personagem e da obra como um todo: a casa de Porto Alegre; os museus onde a protagonista trabalha; lugares e não lugares que refletem as ações de Cecília e adensam o caráter tanto intimista quanto de investigação policial do romance. Para além disso, Diorama resgata um crime de homofobia no silenciamento das vozes dos grupos minorizados, mesmo daqueles que flertam com o poder, como foi o caso de Satti/Daudt. Como engrenagem teórica, o texto utiliza-se de nomes como Brian Richardson, Otto Bolnow, Marc Augé, Erich Fromm, Luis Alberto Brandão, Luiz Antonio Assis Brasil, entre outros.
Resumen El trágico asesinato de João Carlos Satti, conocido político y periodista de Porto Alegre, moviliza a los medios de comunicación y la sociedad gaúcha en la década de 1980; Cecília, la hija del principal sospechoso y colega de la asamblea legislativa, cuenta nuevamente estos eventos, trazando un mapa de la ciudad que dejó atrás para convertirse en una exitosa taxidermista en Estados Unidos. Este es el tema de Diorama, una novela de Carol Bensimon (2022), que se sumerge en la ficcionalización de uno de los crímenes más emblemáticos que ha presenciado el estado de Rio Grande do Sul: el asesinato del periodista y diputado estadual José Antônio Daudt, una figura influyente y polémica en la época. Equilibrándose entre la historia vivida y la historia imaginada, la autora utiliza una narradora compleja, que se divide entre dos tiempos distintos: la infancia, en los años 1980, y treinta años después, cuando vive en Estados Unidos y decide regresar a Porto Alegre. Este artículo tuvo como objetivo investigar los artificios narrativos de la ingeniosa construcción de Diorama, que a veces presenta una voz en tercera persona y a veces en primera, al mismo tiempo que discute la importancia del espacio en la concepción del personaje y de la obra en su conjunto: la casa de Porto Alegre, los museos donde trabaja la protagonista, lugares y no lugares que reflejan las acciones de Cecília y profundizan tanto el carácter íntimo como el de investigación policial de la novela. Además, Diorama rescata un crimen de homofobia en el silenciamiento de las voces de los grupos minoritarios, incluso aquellos que coquetean con el poder, como fue el caso de Satti/Daudt. Como engranaje teórico, el texto se vale de nombres como Brian Richardson, Otto Bolnow, Marc Augé, Erich Fromm, Luis Alberto Brandão, Luiz Antonio Assis Brasil, entre otros.