Resumen En el presente artículo se muestran los resultados de un proceso investigativo que indagó acerca de la configuración de nuevas subjetividades en ocho niños y niñas de la comunidad indígena wounaan1, en situación de desplazamiento, ubicados en contextos urbano-marginales, específicamente en el barrio Bahía de la Paz de Buenaventura. La investigación se orientó hacia la comprensión de los impactos del desplazamiento forzado en estos niños, especialmente en sus formas de habitar el mundo y en la configuración de sus subjetividades. A partir de los hallazgos, se plantea como conclusión principal que la configuración de subjetividades se articula a dos dimensiones: en primer lugar, el territorio como espacio de tensión entre el despojo y la reapropiación de un nuevo sentido de pertenencia a un lugar "extraño" a su comunidad; en segundo lugar, el cuerpo como locus de inscripción material de nuevas formas de expresión, que se amalgaman con sus costumbres ancestrales y sus prácticas cotidianas. Lo anterior evidencia la tensión tradición/ occidentalización, expresada en la identidad étnica reproducida en sus tradiciones y el acoplamiento a un contexto extraño y occidentalizado, que provee algunas mejoras en los patrones de vida de estos sujetos, pero los "despoja" de otros aspectos que son añorados. De esa manera, los procesos de subjetivación se construyen identitariamente como un intento por preservar su ancestralidad, a partir de la reafirmación de lo étnico como matriz cultural y política que opera especialmente en el uso, ocupación y apropiación de un nuevo espacio geográfico, que al ser percibido como ajeno, es sustituido por el cuerpo, como territorio propio del locus identitario. Descriptores: aculturación, infancia, migración, población indígena, territorio.
Abstract The article presents the results of a research process that inquired into the configuration of new subjectivities in eight boys and girls belonging to the Wounaan indigenous community2. Given their condition of displacement, they are currently located in urban-marginal contexts, specifically in the Bahía de la Paz neighbourhood, in the district of Buenaventura. The objective of the research project was to understand the impacts of forced displacement on these children, especially on their ways of living in the world and on the configuration of their subjectivities. The main conclusion that can be drawn from the findings is that the configuration of subjectivities is linked to two dimensions: first, territory, as a space of tension between the loss and reappropriation of a new sense of belonging to a place "other" than their community, and, second, the body as locus of material inscription of new forms of expression that combine with their ancestral customs and daily practices. This makes evident the tension between tradition and westernization, expressed through the ethnic identity reproduced in Waunana traditions and the adaptation to a foreign and westernized context that provides certain improvements to their life patterns, yet "deprives" them of other aspects that they long for. Thus, subjectivization processes are built in terms of identity. In the attempt to preserve their ancestral customs, these subjects reaffirm ethnicity as a cultural and political matrix that operates especially in the use, occupation, and appropriation of a new geographic space. Since this space is perceived as foreign, it is replaced by the body as the genuine territory of the identity locus.
Resumo Neste artigo mostra-se os resultados de um processo de pesquisa que indagou sobre a configuração de novas subjetividades em oito crianças da comunidade indígena won-naan3, em situação de deslocamento, localizadas em contextos urbano-marginais, mais especificamente no bairro Bahía de la Paz, no distrito de Buenaventura (Colômbia). A pesquisa foi orientada à compreensão dos impactos do deslocamento forçado dessas crianças, especialmente nas suas formas de habitar o mundo e na configuração de suas subjetividades. A partir dos achados, se propôs como a principal conclusão que a configuração de subjetividades está articulada em duas dimensões: no em primeiro lugar, o território como espaço de tensão entre o despojo e a reapropriação de um novo sentido de pertencimento de um a um lugar "estranho" à sua comunidade; no em segundo lugar, o corpo como lócus de inscrição material de novas formas de expressão, que se fusionam com seus costumes ancestrais e suas práticas cotidianas. Isso evidencia a tensão entre tradição e ocidentalização, expressa na identidade étnica reproduzida em suas tradições e na vinculação com um contexto estranho e ocidentalizado, que fornece algumas melhoras nos padrões de vida desses sujeitos, mas os "despoja" de outros aspectos que lhes fazem falta. Dessa maneira, os processos de subjetivação são construídos identitariamente como uma tentativa de preservar sua ancestralidade, a partir da reafirmação do étnico como matriz cultural e política que opera especialmente no uso, ocupação e apropriação de um novo espaço geográfico, que, ao ser percebido como alheio, é substituído pelo corpo, como território próprio do lócus identitário.