Resumo: As histórias de vida de pessoas trans-masculinas, embora diversificadas, demonstram que a construção da masculinidade não pode ser entendida fora dos efeitos materiais produzidos no e pelo corpo, dentro de uma ordem de género erigida sobre a masculinidade hegemónica. Confrontados com a centralidade dada ao corpo por indivíduos trans-masculinos em Portugal e no Reino Unido, exploramos as ligações entre masculinidade, incorporação e a materialidade corporal do género. Seguindo Raewyn Connell (1995, p. 56), quando afirma a inevitabilidade do corpo na construção da masculinidade, desenvolvemos duas linhas de argumentação. Primeiro, sugerimos que a reconfiguração das premissas conceptuais da masculinidade, como lugar, prática e efeito, é um passo fundamental para entender as possibilidades de se fazer masculinidade. Segundo, defendemos que a masculinidade é, sobretudo, um efeito de práticas corporais reflexivas.
Abstract: The life stories of trans-masculine individuals, though diverse, demonstrate that the construction of masculinity cannot be understood outside the material effects produced in and by the body, within a gender order erected on hegemonic masculinity. Confronted with the centrality given to the body by trans-masculine individuals in Portugal and the UK, we explore the links between masculinity, embodiment and the bodily materiality of gender. Following Raewyn Connell (1995, p. 56) when she asserts the inevitability of the body in the construction of masculinity, we develop two lines of argument. First, we suggest that reconfiguring the conceptual premises of masculinity as place, practice and effect is a key step in understanding the possibilities of doing masculinity. Second, we argue that masculinity is, above all, an effect of reflexive bodily practices.
Resumen: Las historias de vida de individuos trans-masculinos, aunque diversas, demuestran que la construcción de la masculinidad no puede entenderse fuera de los efectos materiales producidos en y por el cuerpo, dentro de un orden de género erigido sobre la masculinidad hegemónica. Frente a la centralidad otorgada al cuerpo por los individuos trans-masculinos en Portugal y en el Reino Unido, exploramos los vínculos entre la masculinidad, la corporeidad y la materialidad corporal del género. Siguiendo a Raewyn Connell (1995, p. 56) cuando afirma la inevitabilidad del cuerpo en la construcción de la masculinidad, desarrollamos dos líneas de argumentación. En primer lugar, sugerimos que reconfigurar las premisas conceptuales de la masculinidad como lugar, práctica y efecto es un paso clave para entender las posibilidades de hacer masculinidad. En segundo lugar, sostenemos que la masculinidad es principalmente un efecto de las prácticas corporales reflexivas.