CONTEXTO: Miomas uterinos são tumores benignos que ocorrem na idade reprodutiva das mulheres com uma freqüência que varia entre 20% a 25%. Quando presentes os sintomas, estes se caracterizam por aumento do fluxo menstrual, dor e sinais de compressão. Têm sido propostas novas formas de tratamento, destacando-se a embolização das artérias uterinas. OBJETIVO: Avaliar os efeitos do tratamento com embolização das artérias uterinas em mulheres portadoras de miomas sintomáticos e os volumes uterino e do mioma dominante, antes e após 12 semanas após o procedimento. TIPO DE ESTUDO: Ensaio clínico aberto. LOCAL: Hospital Leonor Mendes de Barros, São Paulo, Brasil. PARTICIPANTES: 32 mulheres com diagnóstico de mioma sintomático, único ou múltiplo, do corpo uterino, atendidas no Ambulatório de Ginecologia do Hospital Leonor Mendes de Barros, entre maio de 2000 e setembro de 2001. VARIÁVEIS ESTUDADAS: As mulheres foram submetidas a exame ginecológico seguido de ultra-sonografia abdominal, pélvica e endovaginal, repetidos 12 semanas após o procedimento. A embolização da artéria uterina com PVA (partículas de álcool polivinil de 355 a 700 µ) foi realizada através da cateterização da artéria femoral direita em 30 mulheres e, em duas mulheres, a cateterização foi bilateral. RESULTADOS: A média do volume uterino de 32 mulheres antes da embolização foi 455 cm³ e a média do volume do mioma dominante foi de 150 cm³ antes da embolização. Após 12 semanas de embolização, média do volume uterino e do mioma dominante foram 256 cm³ e 91 cm³ respectivamente. A redução dos volumes uterino e do mioma dominante foi estatisticamente significativa (p < 0,01) quando usado o teste de Wilcoxon. Doze semanas após o tratamento, questionário respondido por todas as mulheres mostrou melhor regularidade menstrual em 71%, redução do volume menstrual em 90% e menor duração em 81%. As complicações imediatas mais freqüentes foram dor e fadiga. Apenas em uma mulher ocorreu degeneração do mioma. CONCLUSÃO: A significativa diminuição dos volumes uterinos e dos miomas dominantes comprova a validade do tratamento dos miomas sintomáticos pela técnica de embolização das artérias uterinas. Houve uma redução significativa do fluxo e da duração menstrual, assim como uma melhor regularidade do ciclo nas mulheres estudadas. Nesta amostra, a dor imediata após a embolização foi o principal evento adverso observado.
CONTEXT: Uterine myomas are benign tumors that mostly occur in women of reproductive age at a frequency ranging from 20 to 25%. The symptoms are increased menstrual flow, pain and compressive signs. New treatments have been proposed and uterine artery embolization is one of them. OBJECTIVE: To evaluate the effects of treatment by embolization of the uterine artery, in women with symptomatic myomas. Uterine and dominant myoma volumes and the major symptoms were evaluated before treatment and 12 weeks later. TYPE OF STUDY: Open clinical trial. SETTING: A tertiary-care women's hospital. PARTICIPANTS: The study was conducted on 32 women with symptomatic single or multiple myomas of the uterine body, seen at the outpatient unit from May 2000 to September 2001. MAIN MEASUREMENTS: The patients were submitted to gynecological examination and abdominal and endovaginal pelvic ultrasonography, and the examinations were repeated 12 weeks after the first procedure. Uterine artery embolization using PVA (polyvinyl alcohol) particles of 355-700 µ was performed by catheterization of the right femoral artery in 30 women and by bilateral catheterization in two. RESULTS: Before embolization, the mean uterine volume of the 32 women was 455 cm³ and the mean volume of the dominant myoma was 150 cm³. Twelve weeks after embolization, the mean uterine volume was 256 cm³ and the mean volume of the dominant myoma was 91 cm³, with p < 0.01 in both cases. Twelve weeks after the treatment, all the women answered a questionnaire, which showed that 71% had improvement in menstrual regularity, 90% decreased menstrual volume and 81% shortened menstrual duration. The most frequent immediate post-procedure symptoms, established as complications, were pain (100%) and fatigue (34%). One woman had myoma degeneration and was submitted to myomectomy. CONCLUSION: The significant reduction in uterine and dominant myoma volume confirms the validity of the treatment of symptomatic myomas by the technique of uterine artery embolization in Brazilian women. There was significant reduction in menstrual flow and duration, as well as better cycle regularity in the women studied. The few adverse effects observed in the sample studied mainly involved pain immediately after embolization.