FUNDAMENTO: A hipertensão autorreferida é um dado de interesse para saúde pública e acessível em estudos epidemiológicos, cuja validade deve ser verificada para o adequado emprego dessa informação. OBJETIVO: Verificar a validade da hipertensão autorreferida e os fatores associados em adultos e idosos na cidade de São Paulo, Brasil. MÉTODOS: Foram selecionados participantes do estudo transversal de base populacional Inquérito de Saúde no Município de São Paulo (ISA-Capital 2008) com 20 anos ou mais, de ambos os sexos, que tiveram sua pressão arterial aferida (n = 535). A hipertensão foi definida como Pressão arterial > 140/90 mmHg e/ou uso de medicamentos para hipertensão. Foram calculados sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo e coeficiente Kappa. A regressão de Poisson foi utilizada para identificar os fatores associados à sensibilidade da hipertensão autorreferida. RESULTADOS: A sensibilidade da hipertensão autorreferida foi 71,1% (IC95%: 64,8-76,9), especificidade 80,5% (IC95%: 75,6-84,8), valor preditivo positivo 73,7% (IC95%: 67,4-79,3), e valor preditivo negativo 78,5% (IC95%: 73,5-82,9). Houve concordância moderada entre hipertensão autorreferida e diagnóstico de hipertensão pela pressão arterial aferida (kappa = 0,52; IC95%: 0,45-0,59). Índice de massa corporal e escolaridade associaram-se independentemente à sensibilidade (índice de massa corporal > 25 kg/m²: RP = 1,42; IC95%: 1,15-1,76; escolaridade > 9 anos: RP=0,71; IC95%: 0,54-0,94). CONCLUSÃO: A hipertensão autorreferida mostrou-se válida em adultos e idosos no município de São Paulo, sendo um indicador apropriado para vigilância da prevalência da hipertensão, na ausência da pressão arterial medida. Sobrepeso associou-se positivamente à validade da hipertensão autorreferida. Outros estudos são necessários para elucidar a relação inversa entre a validade da hipertensão autorreferida e a escolaridade.
BACKGROUND: Self-reported hypertension is an important piece of information for public health that is available in epidemiological studies. For proper use of this information, such studies should be validated. OBJECTIVE: To validate self-reported hypertension and associated factors in adults and elderly individuals in São Paulo, Brazil. METHODS: Participants were selected from the sample of a population-based cross-sectional health survey carried out in São Paulo (ISA Capital-2008). Their age was 20 years or older, they were from both genders, and had their blood pressure measured (n = 535). Hypertension was defined as blood pressure > 140/90 mmHg and/or use of medication for hypertension. Sensitivity, specificity, positive predictive value (PPV), negative predictive value (NPV) and Kappa coefficient were calculated. Poisson regression was used to identify factors associated with sensitivity of self-reported hypertension. RESULTS: Sensitivity of self-reported hypertension was 71.1% (95%CI: 64.8 to 76.9), specificity 80.5% (95%CI: 75.6 to 84.8), PPV 73.7% (95%CI: 67.4 to 79.3), and NPV 78.5% (95%CI: 73.5 to 82.9). There was moderate agreement between self-reported hypertension and hypertension as diagnosed by blood pressure measurement (kappa = 0.52, 95%CI: 0.45 to 0.59). Body mass index and level of education were independently associated with sensitivity (body mass index > 25 kg/m²: PR = 1.42, 95% CI: 1.15 to 1.76; schooling > 9 years: PR = 0.71 95%CI: 0.54-0.94). CONCLUSION: Self-reported hypertension was shown to be valid in adults and the elderly in the city of São Paulo, and is thus an appropriate indicator for the surveillance of hypertension prevalence in the absence of blood pressure measurement. Overweight was positively associated with validity of self-reported hypertension. Further studies are needed to elucidate the inverse association between the validity of self-reported hypertension and level of education.