Apesar de predominar junto à população a idéia de que a violência sexual é praticada por pessoas desconhecidas, na realidade a maioria desses crimes é praticada por pessoa identificável pela vítima. Além de conseqüências físicas e psicológicas, também há risco em adquirir o vírus HIV. Para prevenção deste, em situação de risco, há orientação para uso da quimioprofilaxia anti-retroviral. Esse uso, por 28 dias, pode trazer efeitos adversos com intensidades variáveis. O conhecimento da sorologia anti-HIV do agressor torna-se fundamental para manter, ou suspender, com segurança, essa indicação. Este estudo descritivo, realizado no Conjunto Hospitalar de Sorocaba, teve como objetivo identificar os agressores e suas respectivas sorologias. Foi realizado a partir de fichas de notificação e os prontuários no período de julho de 2003 a dezembro de 2005. Encontraram-se 920 vítimas de violência sexual, com idades entre oito meses e 77 anos, havendo predomínio do sexo feminino (86,5%). Dentre os agressores, 76% foram referidos como identificáveis. Indicou-se profilaxia anti-retroviral para 24,9% das vítimas. Para 80 (33,2%) agressores localizados, a busca foi realizada através de contato telefônico. Encontrou-se 52,5% em seus domicílios, 45% em Presídio/Delegacia e 2,5% no Pronto Socorro. Um agressor (1,3%) apresentou sorologia positiva para HIV. As buscas encerraram-se, em sua maioria, em até seis dias (80%), possibilitando a suspensão da quimioprofilaxia em 30,6% dos casos. Concluiu-se que a busca ao denunciado permitiu conhecer sua sorologia anti-HIV e suspender, para um terço das vítimas, o uso da quimioprofilaxia anti-retroviral, diminuindo, com isso, a possibilidade de efeitos adversos.
Although people believe that sexual violence is practiced by unknown people, most crimes are actually practiced by someone close to the victim. Besides physical and psychological consequences, there is the risk of acquiring the HIV virus. To prevent the latter, in risky situations, the advice is to use antiretroviral chemoprophylaxis during 28 days. This therapy may bring adverse effects. Knowing the aggressor's anti-HIV serology is vital to safely maintain or suspend the therapy indication. This descriptive study, carried out at Conjunto Hospitalar de Sorocaba, aimed to identify the aggressors and their serology. The study was conducted after analyzing notification index cards and charts from July 2003 to December 2005, in 30 months of active search. The researchers found 920 sexual violence victims, with ages ranging from 8 months to 77 years, most of them female (86.5%). Concerning the aggressors, 76% were referred to as identifiable. Antiretroviral prophylaxis was advised to 24.9% of the victims. For 80 (33.2%) aggressors who were found, the search was carried out through telephone calls. Regarding the places where the aggressors were located, 52.5% were found at home, 45% in a prison/police station and 2.5% in the Emergency Room. One aggressor (1.3%) presented positive HIV serology. Most searches were concluded within 6 days (80%), allowing the suspension of chemoprophylaxis in 30.6% of the cases. It was concluded that after finding the aggressors and learning about their anti-HIV serology, the use of antiretroviral chemoprophylaxis could be safely suspended in one third of the victims, therefore reducing the chances of adverse effects.