O esôfago em quebra-nozes é uma anormalidade manométrica, incluída entre os distúrbios motores primários do esôfago, caracterizada por ondas peristálticas que atingem elevada amplitude em esôfago distal, descrita inicialmente em pacientes com dor torácica não-cardíaca. Embora trabalhos posteriores tenham registrado o esôfago em quebra-nozes em pacientes com disfagia e, mais recentemente, o associado à doença do refluxo gastroesofágico, há bastante controvérsia em relação ao seu verdadeiro significado, sendo escassos os estudos clínicos envolvendo grande número de pacientes. Noventa e sete pacientes com o diagnóstico manométrico de esôfago em quebra-nozes, definido a partir de um grupo controle assintomático, foram estudados retrospectivamente quanto às características clínicas e propedêutica esofagiana, que incluiu endoscopia digestiva alta, esofagografia convencional e pHmetria esofagiana prolongada. Houve predomínio do sexo feminino (63,9 %), com média de idade de 54,3 anos. A queixa mais freqüente que determinou a realização do exame manométrico foi dor torácica, seguida de disfagia e pirose. As manifestações clínicas como um todo foram dor torácica (53,6%), disfagia (52,6%), pirose (52,6%), regurgitação (21,6%), queixas otorrinolaringológicas (15,4%), dispepsia (15,4%) e odinofagia (4,1%). A maior parte dos pacientes apresentou sintomas múltiplos, sendo queixa única observada em 28% dos mesmos. A endoscopia digestiva alta demonstrou esofagite erosiva em 8% dos pacientes e a esofagografia convencional revelou distúrbio motor esofagiano em 16,4%. A pHmetria esofagiana prolongada diagnosticou refluxo gastroesofagiano anormal em 41,2% dos exames realizados. Concluiu-se que, controvérsias à parte, são encontradas outras queixas além de dor torácica e disfagia associadas ao esôfago em quebra-nozes e que é importante definir a associação com a doença do refluxo gastroesofágico para orientar a conduta terapêutica.
Nutcracker esophagus is a manometric abnormality classified as a primary esophageal motor disorder, characterized by high pressure peristaltic waves in distal esophagus and related to non-cardiac chest pain. Further studies observed nutcracker esophagus in dysphagic patients and recently in gastroesophageal reflux disease. However, there is controversy about the meaning of this motor disorder and there are few clinical studies involving a great number of patients. A retrospective study involving 97 patients with manometric criteria of nutcracker esophagus according a control group was undertaken. Most of the patients were female (63.9%), mean age 54.3 years. The chief complaint was chest pain, followed by dysphagia and heartburn. Clinical findings, as a whole were chest pain (53.6%), dysphagia (52.6%), heartburn (52.6%), regurgitation (21.6%), otorhinolaryngologic symptoms (15.4%), dyspepsia (15.4%) and odynophagia (4.1%). The majority of patients had multiple symptoms, however in 28% just a single one was observed. Endoscopic examination observed erosive esophagitis in 8% of the patients, while signs of esophageal motor disorders were showed by esophagogram in 16.4%. Esophageal pH recordings indicated abnormal gastroesophageal reflux in 41.2% of the cases reported. We concluded that there are other symptoms in nutcracker esophagus patients besides chest pain and dysphagia and the use of esophageal pH recordings is helpful to establish its association with acid reflux and guide the appropriate therapy .