Foi proposto programa para o controle de doenças respiratórias na infância (Programa DRI) para o Estado de São Paulo, Brasil, em 1986. Sua evolução desde então e a epidemiologia dessas doenças são examinadas. Além de inquérito nos 64 Escritórios Regionais de Saúde (ERSAs) existentes, é analisada uma amostra de 18.255 casos de crianças atendidas pelo Programa, em seus diferentes níveis, incluindo hospitais. Cada registro incluiu informação sobre identificação (da criança, do médico, da unidade de saúde), diagnósticos realizados, e resultado do tratamento. Outros dados foram também buscados em hospitais e registros estaduais de mortalidade. O Programa apresentou baixos níveis de implantação, mas onde foi implantado mostrou boa resolubilidade (apenas 0,5% dos casos não puderam ser tratados pelo Programa) e bom impacto (mais de 50% de redução em internações). Do total de 64 ERSAs existentes à época, 28 tinham o Programa implantado (44%), sendo 20 do interior do Estado e 8 da região metropolitana de São Paulo. A amostra estudada era composta de atendimentos realizados em 7 ERSAs, 3 do interior e 4 da Grande São Paulo. A eficácia do Programa foi calculada pela medida de cobertura de metas do Programa nesses 7 ERSAs estudados, tendo-se encontrado as seguintes medidas: implantação de comissão executiva local - 0%; implantação de sistema de referência - 30%; implantação de ambulatório 1 - 100%; implantação de unidade de retaguarda - 57%; implantação de ambulatório 2 - 57%; implantação de enfermarias para pacientes DRI - 86%. A eficiência de cada nível do Programa foi avaliada pela proporção de casos resolvidos autonomamente, tendo-se encontrado os seguintes resultados: ambulatório 1 -92,95%; ambulatório 2 - 98,21%; unidade de retaguarda - 38,41% e unidade de internação - 98,36%. Em relação à epidemiologia das doenças respiratórias, encontrou-se que a faixa etária mais importante é a de menores de 5 anos e que as principais doenças são as que apresentam com chiado e a pneumonia. Encontrou-se uma associação significativa (p = 0.000) entre ambas, de forma que uma criança na comunidade que tenha uma doença com chiado tem chances 5 vezes maiores de apresentar pneumonia do que uma criança que tenha outro diagnóstico respiratório. Da mesma forma, encontrou-se que crianças que tenham ido a óbito apresentando doenças chiadoras apresentam um risco de ter pneumonia que é 3 vezes maior do que crianças com quaisquer outros diagnósticos. Concluindo, o Programa é avaliado como eficiente e efetivo mas sua eficácia é prejudicada por deficiências administrativas. O controle efetivo dos problemas respiratórios deve considerar adequadamente a importância das doenças chiadoras.
A programme for the control of respiratory diseases in children was conceived for the State of S. Paulo, Brazil, in 1986. Its progress thereafter and the epidemiology of the diseases concerned are examined. Apart from an inquiry into the 64 existing State local health authorities, a sample of 18,255 cases of children assisted by the programme at different levels, including both in-patient and outpatient care, is analysed. Each case record included information about identification (child, doctor and health facility), reasons for calling, diagnoses made and outcome of treatment. Further data were also sought from hospitals and from State mortality records. The programme was found to be poorly implemented in the State but, where implemented, it showed itself capable of resolving problems (only 0.5% of the cases could not be handled) as also of changing ongoing trends (more than 50% reduction in hospital admission rates). Individual assessment of each item of the programme indicated its bottlenecks. Regarding the epidemiology of respiratory diseases, it is observed that the major burden to health services comes from children aged less than five, and that the most important diseases are wheezing illnesses and pneumonia. Morevoer, they were found to be significantly associated (p = 0.000) so that a child in the community presenting wheezing diseases is 5 times more likely to develop pneumonia than a child with any other respiratory diagnosis. Similarly, among the under five deaths it was found that the risk for pneumonia is 3 times greater for children who died presenting wheezing diseases than it is for children with any other sort of diagnosis. In conclusion, the programme is deemed to be efficient and effective but its efficacy is marred by administrative flaws. The successful control of respiratory problems in childhood is related to a proper appreciation of the importance of wheezing diseases.