Foram estudadas 386 crianças entre seis e 59 meses de idade, residentes em área de baixa renda do Município de Pelotas, Rio Grande do Sul, com o objetivo de avaliar a associação entre o déficit de peso para estatura e o perímetro abdominal. Foram tomadas 13 medidas antropométricas (peso, estatura, estatura tronco-cefálica, quatro perímetros, quatro pregas cutâneas e duas larguras). Calcularam-se as áreas muscular, adiposa e total do braço, e o comprimento de pernas. Índices de proporcionalidade corporal foram obtidos, dividindo-se os valores das variáveis antropométricas pela respectiva estatura. Déficits de estatura para idade, peso para idade e peso para estatura foram de 25,9%, 14,4% e 3,5%, respectivamente. O perímetro abdominal dividido pela estatura mostrou-se elevado em crianças baixas e menos pesadas. Uma redução média de 2 cm no perímetro abdominal entre crianças pelotenses sem déficit nutricional elevaria a prevalência de déficit de peso para estatura dos atuais 3,5% para 7,0%. As baixas prevalências de déficit de peso para estatura na presença de elevados déficits de estatura para idade, conforme descrito em diversos estudos brasileiros, podem ser parcialmente explicadas por aumentos no perímetro abdominal.
The sample for this study consisted of 386 children from six to 59 months of age. The objective was to study the association between wasting and abdominal circumference. Thirteen anthropometric measurements were taken: weight, height or length, crown-rump length, 4 circumferences, 4 skin fold thicknesses, and 2 breadths. Muscle, fat, and total upper arm areas and leg length were calculated. Indices of body proportionality were obtained by dividing the anthropometric variables by height. Height-for-age, weight-for-age, and weight-for-height deficits were 25.9%, 14.4%, and 3.5%, respectively. The smallest and lightest children were those with the highest abdominal circumferences divided by height. According to this study, abdominal circumference for Brazilian children without height-for-age deficit is, on average, 1.2 cm larger than for US children. Using this as a basis, the study calculated that prevalence of weight-for-height deficit would increase from 3.5% to 7.0% by increasing 2 cm in the abdominal circumference. The low prevalence of wasting and the high prevalence of stunting as indicated by several Brazilian studies could be explained partially by larger mean abdominal circumference values.