O trabalho discute as premissas do modelo deliberativo de democracia que lidam com a questão da participação política, no intuito de esclarecer no que consiste a participação de acordo com os parâmetros discursivos. A partir da revisão de uma parcela importante da literatura contemporânea em Teoria Democrática, e sem perder de vista as sistematizações anteriores em Teoria Política, são apontadas três condições fundamentais para engendrar-se a participação de acordo com o modelo deliberativo: (a) as instituições políticas devem criar e oferecer aos cidadãos oportunidades de input de razões públicas; (b) faz-se necessária uma melhora nas condições sócio-econômicas dos indivíduos; (c) é preciso dar atenção a determinados princípios que atuam na regulação das interações e dos argumentos que se encontram em debate. Em seguida, reflete-se acerca das críticas e das falhas apontadas pelos opositores do deliberacionismo. Ao final do texto, realiza-se um apanhado acerca dos limites e dos méritos do modelo em tela quanto à discussão do problema da participação nas democracias contemporâneas.
This paper discusses the premises of the deliberative model of democracy as they address the issue of political participation. We attempt to clarify what political participation means for those who use this model, while at the same time looking at some of the major critiques that have been directed toward it. Through a review of an important part of the literature, and without losing sight of earlier systematizations of democratic theory, three fundamental conditions for engendering participation according to this discursive model are pointed to: political institutions should create and offer citizens opportunities to participate in public input; improvement in people's socio-economic condition must be made; attention should be given to particular principles that have consistent regulatory influence on the interactions and arguments in question. This is followed by attention to the criticisms raised and flaws detected by deliberationism's detractors. At the end of the text, a summary of the strengths and weaknesses of the model is presented, along with a discussion of the problem of participation in contemporary democracies.
L'objectif du travail c'est de discuter les prémisses du modèle délibératif de la démocratie qui font face à la question de la participation politique, en clarifiant ce qui est la participation politique selon les moules délibératifs, ainsi comme reconnaître les critiques les plus enthousiastes à cette conception. A partir de la révision d'un élément important de la littérature, et sans perdre de vue les systématisations précédentes en théorie démocratique, trois conditions fondamentales pour que la participation soit engendrée selon le modèle discursif sont indiquées: les institutions politiques doivent créer et offrir aux citoyens des opportunités « d'input » de raisons publiques; une amélioration des conditions socioéconomiques des individus devient nécessaire ; il faut faire attention à certains principes qui agissent de façon constante pour la régulation des interactions et des arguments qui sont en débat. En suite, les critiques et failles soulignées par les opposants au délibérationnisme gagnent de l'espace. A la fin du texte, on vérifie un aperçu autour des limites et mérites de ce modèle par rapport à la discussion du problème de la participation au sein des démocraties contemporaines.