OBJETIVO: A obesidade é associada a doenças cardiovasculares e compromete tanto a macro como a microcirculação. As medidas da cintura e do índice de massa corpórea são rotineiramente empregadas para avaliação do risco cardiovascular em obesos, enquanto a relação cintura-quadril é pouco utilizada. O objetivo do trabalho foi determinar que medida antroprométrica, entre as rotineiramente usadas, avalia melhor o risco cardiovascular em obesos. MATERIAL E MÉTODO: Oitenta e quatro voluntários (21 homens/ 66 mulheres), idade entre 20 e 55 anos foram avaliados quanto ao diâmetro da cintura, ao índice de massa corpórea, à relação cintura-quadril e à função endotelial pela técnica de pletismografia com oclusão venosa para medida do fluxo sanguíneo braquial, em resposta a injeção intrabraquial de três doses de acetilcolina (7,5; 15 e 30 mg/min) ou de nitroprussiato de sódio (2; 4 e 8 mg/min), para avaliação da vasodilatação endotélio-dependente e -independente. RESULTADO: Houve correlação inversa entre o índice de massa corpórea, diâmetro da cintura e aumento do fluxo sanguíneo após injeção de acetilcolina e nitroprussiato de sódio, enquanto que a relação cintura-quadril mostrou uma correlação negativa apenas com o aumento no fluxo de sangue no antebraço, após as infusões de acetilcolina. Quando os indivíduos com mais de 40 anos foram retirados da análise, não observamos mais a relação inversa entre índice de massa corpórea e aumento do fluxo sanguíneo após injeção de acetilcolina, enquanto que a cintura e a relação cintura-quadril mantiveram os resultados observados anteriormente. CONCLUSÃO: A relação cintura-quadril é provavelmente um melhor índice para estimar a disfunção endotelial, e consequentemente o risco cardiovascular, que o índice de massa corpórea e esses achados reforçam a importância da aferição da circunferência do quadril como um índice de obesidade e para estimativa do risco cardiovascular.
PURPOSE: Obesity is associated with cardiovascular disease, affecting large arteries and the microcirculation. Waist circumference and body mass index are routinely employed as measures for assessing obesity-related health risk, whereas waist-to-hip ratio is not. We aimed to investigate the association between brachial vascular reactivity and body mass index, waist circumference, and waist-to-hip ratio. METHODS: Eighty-five volunteers (21 men/66 women), aged between 20 and 55 years, underwent determination of waist circumference, body mass index, waist-to-hip ratio, and endothelial function by venous occlusion plethysmography. Forearm blood flow was measured in response to intrabrachial artery infusions of 3 different concentrations of endothelium-dependent (acetylcholine 7.5, 15, and 30 mg/min) and endothelium-independent (sodium nitroprusside 2, 4, and 8 mg/min) vasodilators. RESULTS: There was an inverse correlation of body mass index and waist circumference with forearm blood flow increments after acetylcholine and sodium nitroprusside infusions, while waist-to-hip ratio showed an inverse correlation with forearm blood flow increments only after acetylcholine. When subjects older than 40 years (n = 25) were excluded from the analysis, the inverse correlation of body mass index with forearm blood flow increments after acetylcholine infusion no longer existed, while waist circumference and waist-to-hip ratio showed the same results observed before. CONCLUSION: The waist-to-hip ratio is probably a better estimator of endothelial dysfunction and possibly of cardiovascular risk than body mass index. These findings underscore the importance of routinely collecting hip circumference as an obesity index and risk estimator.