OBJETIVOS: Examinar a associação entre consumo de álcool e risco para doença coronariana em amostra populacional. MÉTODOS: Estudo transversal, de base populacional, conduzido de janeiro/2006 a junho/2007, na região metropolitana de São Paulo, como parte do estudo internacional (Gender, Alcohol, and Culture: an International Study). Os sujeitos (1.501, sendo 609 homens e 892 mulheres) eram residentes da região metropolitana de São Paulo, tinham 30 anos ou mais de idade e foram selecionados aleatoriamente, a partir de amostragem complexa por conglomerados. Todos os indivíduos consentiram em participar da pesquisa. A variável dependente foi risco cardíaco avaliado através do WHO Rose Angina Questionnaire. A análise multivariada consistiu em regressão logística, tendo sido realizado ajuste para uso de tabaco e índice de massa corpórea. RESULTADOS: A taxa de resposta foi 75%. Ser mulher, ter mais idade, ser negro, fumante e ter um índice de massa corpórea elevado, foram associados a maior risco para doença coronariana. Indivíduos que nunca beberam na vida (OR = 2,22) e ex-bebedores (OR = 2,42) tiveram maior risco de doença cardíaca do que aqueles que informaram beber até 19 g de álcool por dia, sem episódios de beber excessivo. Entre os que tiveram episódios de embriaguês observou-se uma tendência a maior risco (OR = 3,95, p = 0,09). CONCLUSÕES: Nossos achados sugerem um menor risco para doença coronariana entre os bebedores moderados. Destaca-se que os estudos que avaliam o impacto do álcool sobre doença cardíaca precisam identificar o padrão de uso de álcool dos sujeitos, visto que este aspecto pode modificar o risco. Políticas públicas são necessárias para reduzir o uso nocivo de álcool e a morbidade a ele relacionada no país.
OBJECTIVES: To examine the association between patterns of drinking and coronary heart disease (CHD) risk in a populational sample. METHODS: A population-based cross-sectional study carried out from January 2006 to June 2007, in Metropolitan São Paulo, Brazil, in conjunction with the international collaborative GENACIS project (Gender, Alcohol, and Culture: an International Study), with PAHO support. The subjects (1,501; 609 men, 892 women) of this study were residents of randomly chosen households aged 30 years and above who consented to provide information. The dependent variable was cardiac risk as assessed by the WHO Rose Angina Questionnaire. Logistic Regression analysis was used and the data were adjusted for Body Mass Index (BMI) and smoking. RESULTS: The response rate was 75%. Being female, older, African-American, a current smoker, and having a greater BMI were associated with higher risk of coronary heart disease. Lifetime abstainers (OR = 2.22) and former drinkers (OR = 2.42) had greater CHD risk than those who consumed up to 19g pure alcohol per day, with no binge. Among those who had binged weekly or more there was a tendency toward higher risk (OR = 3.95, p = .09). CONCLUSIONS: Our findings suggest a lower risk for CHD among moderate drinkers. It is important, in studies which were investigating cardiac risk, assess heavy alcohol use, since it can change that risk. Also, effective public policies are needed to reduce harmful drinking and related morbidity in Brazil.