Resumo Discute-se proposta de supervisão de trabalhadoras da Atenção Primária à Saúde que realizam cuidado direto com mulheres em situação de violência doméstica, por meio de espaço de debate sobre o fazer e os afetos emergentes, considerando-se questões de gênero, direitos humanos e sociais das mulheres. Tal proposta compôs pesquisa-intervenção, oferecida após formação sobre o tema em quatro serviços de Atenção Primária à Saúde no município de São Paulo, de 2020 a 2022. Empregou-se a técnica observação participante com registro em diário de campo das supervisões mensais e entrevistas semiestruturadas com trabalhadoras e gestoras. Por meio de análise de conteúdo, os dados foram apresentados nos eixos: discussão do trabalho - escuta da mulher, perspectiva de gênero e direitos humanos; a trabalhadora e seu processo; organização do trabalho e trabalho em equipe; rede intersetorial e organização da própria supervisão e necessidade de enquadre. A supervisão qualificou a identificação e o cuidado dos casos, destacando seu duplo caráter: acompanhamento do cuidado e reflexão crítica desalienadora de questões ético-políticas. Produz impacto para além do tema específico e é fundamental para segurança e sucesso prático da intervenção, tendo a gestão como essencial na sua manutenção. Defende-se a supervisão como parte de protocolos na Atenção Primária para cuidado de casos de violência.
Abstract This article discusses a proposal for the supervision of Primary Health Care workers who provide direct care to women in situations of domestic violence, through a space for debate on what they do and the emerging affections, considering issues of gender, women’s human and social rights. This proposal was part of an intervention research, offered after training on the subject in four Primary Health Care services in the municipality of São Paulo, Brasil, from 2020 to 2022. The technique used was participant observation with field diary records of monthly supervisions and semi-structured interviews with workers and managers. Through content analysis, the data was divided into the following axes: discussion of work - listening to women, gender perspective and human rights; the worker and her process; organization of work and teamwork; intersectoral network and organization of the supervision itself and the need for a framework. The supervision qualified theidentification and care of the cases, highlighting its dual character: monitoring care and critical reflection on ethical and political issues. It has an impact beyond the specific topic and is fundamental to the safety and practical success of the intervention, with management being essential in maintaining it. Supervision is advocated as part of Primary Care protocols for the care of cases of violence.
Resumen Se discute una propuesta para supervisar a los trabajadores de Atención Primaria de Salud que prestan atención directa a las mujeres en situación de violencia doméstica, a través de un espacio de debate sobre lo que hacen y los afectos que surgen, teniendo en cuenta las cuestiones de género, los derechos humanos y sociales de las mujeres. Esta propuesta formó parte de una investigación-intervención, ofrecida después de la formación sobre el tema en cuatro servicios de Atención Primaria de Salud del municipio de São Paulo, Brasil, de 2020 a 2022. Se utilizó la observación participante, con un diario de campo que registraba las supervisiones mensuales y entrevistas semiestructuradas con trabajadoras y directivos. A través del análisis de contenido, los datos se dividieron en los siguientes ejes: discusión sobre el trabajo - escucha de las mujeres, perspectiva de género y derechos humanos; la trabajadora y su proceso; organización del trabajo y trabajo en equipo; red intersectorial y organización de la propia supervisión y necesidad de un encuadre. La supervisión cualificó la identificación y atención de los casos, destacando su doble carácter: atención de seguimiento y reflexión crítica sobre cuestiones éticas y políticas. Tiene un impacto más allá del tema específico y es fundamental para la seguridad y el éxito práctico de la intervención, siendo la gestión esencial para mantenerla. Se defiende la supervisión como parte de los protocolos de Atención Primaria para la atención de casos de violencia.