INTRODUÇÃO: O modelo demanda-controle de Karasek tem sido utilizado para investigar associação entre estresse no trabalho e desfechos de saúde. Entretanto, diferentes instrumentos e definições têm sido adotados para aferir a exposição "alta exigência no trabalho", o que dificulta a comparação de resultados entre estudos. OBJETIVO: Descrever os instrumentos e as definições adotadas para a variável de exposição "estresse no trabalho", avaliada segundo o modelo demanda-controle, nos estudos observacionais publicados até 2010. MÉTODOS: Revisão sistemática de estudos observacionais publicados até dezembro de 2010, que avaliaram a exposição "estresse no trabalho", aferido segundo o modelo demanda-controle de Karasek e utilizaram o JCQ ou seus derivados, desde que explicitado nos textos. RESULTADOS: Entre 877 resumos selecionados, 496 (57%) preencheram os critérios de inclusão. Identificou-se tendência à produção bibliográfica crescente no tema. A maioria dos estudos foi de natureza seccional; não encontramos diferenças relevantes entre as populações de estudo masculinas e femininas. Suécia, EUA, Japão e Canadá concentraram 57% das publicações, em sua maioria incluindo mais de 1.000 participantes e ocupações diversificadas. Desfechos cardiovasculares e seus fatores de risco foram os mais estudados (45%), seguidos por aqueles relacionados à saúde mental (25%). Em 71% dos estudos foi utilizado o Job Content Questionnaire (com 2 a 49 itens) e, em 19% do total, a versão sueca (Demand Control Swedish Questionnaire). Quadrantes de exposição demanda-controle foram utilizados em 51% dos trabalhos, mas com variados pontos de corte; escores das duas dimensões foram analisados em separado em 27%, e sua razão em 14% do total. Apoio social no trabalho foi avaliado em 44% dos estudos. CONCLUSÃO: O modelo Karasek deverá continuar a suscitar pesquisas epidemiológicas e esperamos que os pesquisadores enfrentem essas questões teóricas e metodológicas ainda pendentes.
INTRODUCTION: Karasek's demand-control model has been used to investigate association between job strain and health outcomes. However, different instruments and definitions have been utilized to assess the exposure 'high strain at work', which makes difficult the comparison of results across studies. OBJECTIVE: To describe the measurement instruments and the definitions adopted for the exposure variable 'job strain', according to the demand-control model, by observational studies published until 2010. METHODS: Systematic review of observational studies published until December 2010, addressing the exposure 'job strain', measured according to the demand-control model and used the JCQ or its derivatives, since explicit. RESULTS: Among 877 selected abstracts, 496 (57%) met the inclusion criteria. It identified a trend towards the increasing production literature on the subject. Most studies were sectional; found no relevant differences among study populations of men and women. Sweden, USA, Japan and Canada accounted for 57% of publications, mostly including more than 1000 participants and diverse occupations. Cardiovascular outcomes and their risk factors were the most studied (45%), followed by those related to mental health (25%). In 71% of the studies used the Job Content Questionnaire (from 2 to 49 items) and 19% of the total, the Swedish version (Demand-Control Questionnaire Swedish). Quadrants of the demand-control exposure were used in 51% of the work, but with different cutoff points; scores of the two dimensions were analyzed separately in 27%, and its ratio in 14% of the total. Social support at work was assessed in 44% of the studies. CONCLUSION: Karasek's model should continue to raise epidemiological studies and we hope that researchers face these theoretical and methodological issues outstanding.