O trabalho de catadores de resíduos sólidos recicláveis gera um precário sustento, porém desencadeia processos de adoecimento que agravam sua condição de vida. Objetivou-se estimar a prevalência de acidentes de trabalho no lixão do Distrito Federal e fatores associados. Observou-se que a maioria dos catadores já se acidentou no trabalho (55,5%), tem noção da periculosidade do ambiente de trabalho (95,0%) e alega não receber equipamento de proteção individual (51,7%). Dentre outros achados, 55,8% já comeu alimentos encontrados no lixo, 50,0% vivenciava insegurança alimentar em seus domicílios e 44,8% recebia Bolsa Família. Constatou-se relação estatisticamente significativa entre acidentes de trabalho e percepção de trabalho perigoso, alegação de cansaço, estresse ou tristeza e insegurança alimentar (p < 0,05). Por outro lado a percepção de companheirismo entre os catadores esteve associada à menor prevalência de acidentes (p < 0,006). As mulheres são a maioria dos catadores (56,5%) e se acidentam mais que os homens (p < 0,025). Conclui-se que esta comunidade de catadores apresenta alta vulnerabilidade, não somente pela ótica da saúde do trabalhador, mas também pelas questões socioambientais envolvidas. Para a reversão desse quadro torna-se imperativa a efetiva implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, associada a políticas de inclusão social e de emancipação econômica dessa população.
The work of recycling solid waste segregators allows a precarious livelihood, but triggers a disease process that exacerbates their health and well-being. This study aimed to estimate the prevalence of occupational accidents at the open dump in the Federal District and its associated factors. Most segregators have had an accident at work (55.5%), perceived the danger of their working environment (95.0%) and claimed they did not receive personal protective equipment (51.7%). Among other findings, 55.8% ate foods found in the trash, 50.0% experienced food insecurity at home and 44.8% received Bolsa Família. There was a statistically significant relationship between work accidents and perception of dangerous work environment, household food insecurity and the presence of fatigue, stress or sadness (p < 0.05). On the other hand, the fellowship between the segregators was associated with a lower prevalence of accidents (p < 0.006). Women are the majority of the segregators (56.5%) and reported more accidents than men (p < 0.025). We conclude that the solid waste segregators constitute a vulnerable community, not only from the perspective of labor, but also from the social and environmental circumstances. To reverse this situation, effective implementation of the National Policy of Solid Wastes is imperative, in association with affirmative policies to grant economic emancipation for this population.