Pesquisas sobre itinerários terapêuticos em saúde mental infantojuvenil têm sido conduzidas predominantemente em Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis (CAPSij) ou em regiões equipadas com esses serviços. Visando expandir a compreensão desse campo, este estudo analisou os itinerários terapêuticos de crianças e adolescentes atendidos pelo serviço de Equipe Multiprofissional em Saúde Mental - localmente conhecido como “Saúde Mental” - em um município de interior e sem CAPSij. Realizamos entrevistas semiestruturadas com 12 mães e dois pais, visando compreender as motivações para as buscas por cuidados, os locais percorridos e as experiências durante esse processo. Os dados foram analisados por meio da classificação hierárquica descendente, possibilitada pelo IRaMuTeQ. Quatro categorias foram formadas: (1) detecção inicial de necessidades; (2) motivações para busca de atendimento; (3) dinâmica do serviço; e (4) fatores que afetam a continuidade do cuidado. As escolas prevaleceram como as impulsionadoras da busca por cuidados, enquanto as unidades básicas de saúde atuaram mais como pontos de encaminhamento para especialistas. Psicológos(as) e psiquiatrias da Equipe Multiprofissional em Saúde Mental, fonoaudiólogos da Policlínica, e neurologistas da rede privada e do Centro Regional de Especialidades foram as especialidades mais frequentadas. A alta rotatividade de profissionais foi tida como a principal barreira ao acesso e à continuidade do cuidado. Ao contrário de outros estudos desenvolvidos em contextos com redes de serviços mais abrangentes, que frequentemente sugerem fortalecer as redes existentes de saúde mental infantojuvenil, este estudo destaca a necessidade de construir tais redes desde o início.
La investigación sobre itinerarios terapéuticos en salud mental infantojuvenil se realiza predominantemente en Centros de Atención Psicosocial Infantojuvenil (CAPSij) o en regiones que proporcionan estos servicios. Con el objetivo de ampliar la comprensión de este campo, este estudio analizó los itinerarios terapéuticos de niños y adolescentes atendidos por el servicio Equipo Multiprofesional en Salud Mental -conocido localmente como “Salud Mental”- en un municipio del campo y sin CAPSij. Se realizaron entrevistas semiestructuradas a 12 madres y dos padres, con el fin de identificar las razones para la búsqueda de atención, los lugares recorridos y las experiencias durante este proceso. Los datos se analizaron utilizando la clasificación jerárquica descendente por IRaMuTeQ. Se formaron cuatro categorías: (1) detección inicial de necesidades, (2) razones para buscar atención, (3) dinámica de servicios, y (4) factores que afectan la continuidad de la atención. Las escuelas prevalecieron como promotoras de la búsqueda de atención, mientras que las unidades básicas de salud actuaron más como puntos de derivación para las especialidades. Los especialistas más buscados fueron psicólogos(as) y psiquiatras del Equipo Multiprofesional en Salud Mental, fonoaudiólogos de la Policlínica y neurólogos de la red privada y del Centro Regional de Especialidades. La alta rotación de profesionales se consideró la principal barrera para el acceso y la continuidad de la atención. A diferencia de otros estudios desarrollados en contextos con redes de servicios más integrales, que frecuentemente llaman la atención para el fortalecimiento de las redes existentes de salud mental infantojuvenil, este estudio destaca la necesidad de construir dichas redes desde el principio.
Research on therapeutic itineraries in child and adolescent mental health has been predominantly carried out in Child and Adolescent Psychosocial Care Centers or in regions that have these services. To expand the understanding of this field, this study analyzed the therapeutic itineraries of children and adolescents assisted by the Multiprofessional Mental Health Team service - locally known as “Mental Health” - in an inner municipality without Child and Adolescent Psychosocial Care Centers. Semistructured interviews were conducted with 12 mothers and two fathers to understand their motivations for seeking care, the places they visited, and the experiences they had in this process. The data were analyzed by descending hierarchical classification, made possible by IRaMuTeQ. In total, four categories were formed: (1) initial detection of needs, (2) motivations for seeking care, (3) service dynamics, and (4) factors that affect continuity of care. Schools prevailed as the drivers of the search for care, whereas basic health units acted more as referral points for specialists. Psychologists and psychiatrists from the Multiprofessional Mental Health Team, speech therapists from the Polyclinic, and neurologists from the private network and the Regional Center of Specialties were the specialties that received the most visits. Participants deemed the high turnover of professionals as the main barrier to access and continuity of care. Unlike other studies - which have been developed in contexts with more comprehensive service networks -, which often suggest strengthening the existing child and adolescent mental health networks, this study highlights the need to build such networks from the ground up.