RESUMO Este artigo contribui para nossa compreensão de como os russos receberam os conceitos de Bakhtin, principalmente dois influentes estudiosos russos, críticos de Bakhtin, cada um a partir de uma perspectiva diferente. O estudo de tais críticas é valioso, uma vez que nos incentiva a reexaminar nossas próprias percepções, por vezes complacentes, das teorias de Bakhtin. Mikhail Gasparov (1937-2005), um importante classicista e preeminente erudito do verso, publicou críticas virulentas contra Bakhtin entre 1979 e 2004. Seu problema com Bakhtin era essencialmente metodológico. Lydia Ginzburg (1902-1990), conhecida por suas Notes of a Blockade Person, e por estudos sobre os gêneros do diário, das memórias, da carta pessoal e do caderno do escritor, questionou os pressupostos psicológicos por trás das teorias bakhtinianas de simpatia e amor. Ginzburg também tinha sérias dúvidas quanto à ideia bakhtiniana do romance polifônico e a respeito do uso que Bakhtin fazia da oposição entre o monológico e o dialógico para caracterizar os romances de Tolstoi e Dostoiévski. Um exame atento das posições de Bakhtin e Ginzburg sobre o amor revela paralelos e diferenças interessantes. O artigo termina com sugestões sobre como as críticas de Ginsburg e de Gasparov podem nos ajudar a ler Bakhtin de maneiras criativas.
ABSTRACT This article contributes to our understanding of how Russians received Bakhtin's concepts, primarily two influential Russian scholars critical of Bakhtin, each from a different perspective. The study of such criticisms is valuable, as it encourages us to reexamine our own sometimes complacent perceptions of Bakhtin's theories. Mikhail Gasparov (1937-2005), an important classicist and preeminent scholar of verse, published virulent criticisms of Bakhtin between 1979 and 2004. His problem with Bakhtin was essentially methodological. Lydia Ginzburg (1902-1990), known for her Notes of a Blockade Person and for scholarship on the genres of diary, memoir, personal letter, and writer's notebook, questioned the psychological presuppositions behind Bakhtin's theories of sympathy and love. Ginzburg also had serious doubts about Bakhtin's idea of the polyphonic novel, and his use of the opposition between the monological and the dialogical to characterize the novels of Tolstoi and Dostoevsky. A close examination of the positions of Bakhtin and Ginzburg on love reveals interesting parallels and differences. The article concludes with suggestions about how Gasparov's and Ginsburg's criticisms can help us read Bakhtin in creative ways.