CONTEXTO E OBJETIVO: Em pacientes queimados é comum o uso de substâncias coloidais sob justificativa de que é necessário corrigir a pressão oncótica do plasma, reduzindo o edema na área queimada e a hipotensão. O objetivo foi avaliar o risco de mortalidade hospitalar, comparando o uso de albumina e soluções cristaloides para esses pacientes. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo coorte histórico não concorrente na Faculdade de Medicina de Marília, no Programa de Pós-Graduação em Medicina Interna e Terapêutica da Universidade Federal de São Paulo e no Centro Cochrane do Brasil. MÉTODOS: Pacientes queimados hospitalizados entre 2000 e 2001, registrados no Sistema de Informações Hospitalares e que receberam albumina foram comparados com aqueles que receberam outros tipos de reposição volêmica. O desfecho primário foi a taxa de mortalidade hospitalar. Os dados foram coletados dos arquivos do programa Datasus. RESULTADOS: Foram incluídos 39.684 pacientes: sendo 24.116 pacientes com queimaduras moderadas e 15.566 pacientes com queimaduras graves. Entre os homens tratados com albumina, o odds ratio para o risco de morte foi 20,58 (intervalo de confiança IC 95% 11,28-37,54) para queimaduras moderadas e 6,24 (IC 5,22-7,45) para queimaduras graves. Entre as mulheres, esse risco foi de 40,97 para queimaduras moderadas (IC 21,71-77,30) e 7,35 para queimaduras graves (IC 5,99-9,01). A força da associação entre o uso de albumina e o risco de morte foi mantida para as outras características estudadas, com significância estatística. CONCLUSÃO: O uso de albumina entre pacientes com queimaduras moderadas e graves foi associado a aumento considerável da mortalidade.
CONTEXT AND OBJECTIVE: Among burn patients, it is common to use colloidal substances under the justification that it is necessary to correct the oncotic pressure of the plasma, thereby reducing the edema in the burnt area and the hypotension. The aim here was to assess the risk of hospital mortality, comparing the use of albumin and crystalloid solutions for these patients. DESIGN AND SETTING: Non-concurrent historical cohort study at Faculdade de Medicina de Marília; within the Postgraduate program on Internal and Therapeutic Medicine, Universidade Federal de São Paulo; and at the Brazilian Cochrane Center. METHODS: Burn patients hospitalized between 2000 and 2001, with registration in the Hospital Information System, who received albumin, were compared with those who received other types of volume replacement. The primary outcome was the hospital mortality rate. The data were collected from files within the Datasus software. RESULTS: 39,684 patients were included: 24,116 patients with moderate burns and 15,566 patients with major burns. Among the men treated with albumin, the odds ratio for the risk of death was 20.58 (95% confidence interval, CI: 11.28-37.54) for moderate burns and 6.24 (CI 5.22-7.45) for major burns. Among the women, this risk was 40.97 for moderate burns (CI 21.71-77.30) and 7.35 for major burns (CI 5.99-9.01). The strength of the association between the use of albumin and the risk of death was maintained for the other characteristics studied, with statistical significance. CONCLUSION: The use of albumin among patients with moderate and major burns was associated with considerably increased mortality.