Resumo: Introdução: O objetivo deste estudo foi analisar os fatores associados à suscetibilidade para o desenvolvimento de transtornos alimentares em estudantes internos de um curso de Medicina. Método: Trata-se de um estudo transversal analítico com abordagem quantitativa, em que se aplicaram dois questionários: um com dados sociodemográficos e outro com o Teste de Atitudes Alimentares (EAT-26), que é um instrumento psicométrico para triar transtornos alimentares. Resultados: Foram incluídos na pesquisa 162 estudantes internos de Medicina. No gênero feminino, identificaram-se maiores escores no EAT-26 na escala da dieta (D) (p = 0,0079), que evidencia uma recusa patológica a comidas hipercalóricas e uma excessiva preocupação com a forma física, na escala de bulimia e preocupação com os alimentos (B) (p = 0,0014) e no escore geral da EAT-26 (p = 0,0005). Maior escore na escala D foi encontrado em estudantes que trabalham e estudam (p = 0,0278) e naqueles com sobrepeso (p = 0,0297). Aqueles que referiam estar seguindo alguma dieta tiveram maiores escores na escala D (p < 0,0001), na escala B (p = 0,0300) e no escore geral (p = 0,0001). Os que afirmaram ter preocupação quanto à quantidade de calorias obtiveram maiores escore na escala D (p < 0,0001), na escala B (p = 0,0010) e no escore geral (p < 0,0001). Os que referiram ter medo de engordar tiveram maiores escores na escala D (p < 0,0001), na escala B (p = 0,0001) e no escore geral (p < 0,0001), e, em contrapartida, aqueles que não tinham medo de engordar obtiveram maior escore na escala controle oral (CO) (p = 0,0149), que reflete o autocontrole associado aos alimentos e reconhece influências sociais do meio em que o indivíduo está inserido em relação à ingesta alimentar, assim como aqueles abaixo do peso (p = 0,0042). Os ansiosos obtiveram maiores escores na escala D (p = 0,0356), na escala B (p = 0,0266) e no escore geral (p = 0,0310). Conclusões: Ficaram evidenciados maiores escores na escala EAT-26 em estudantes internos de Medicina que são do sexo feminino, que trabalham e estudam e naqueles com sobrepeso. Além disso, seguir alguma dieta, possuir preocupação quanto à quantidade de calorias, ter medo de engordar, ser ansioso, triste e insatisfeito com próprio corpo também foram fatores associados com maiores escores. Todos esses fatores podem ser relacionados com um maior risco de esses estudantes desenvolverem distúrbios alimentares, como a anorexia e a bulimia.
Abstract: Introduction: To analyze factors associated with susceptibility to the development of eating disorders in medical interns. Methods: This is an analytical cross-sectional study with a quantitative approach. Two questionnaires were applied, one with sociodemographic data and the other with the Eating Attitudes Test (EAT-26), which is a psychometric instrument to screen eating disorders. Results: A total of 162 internal students were included in the research. Higher EAT-26 scores were found in females on the diet scale (D) (p=0.0079), which shows a pathological refusal to hypercaloric foods and an excessive concern with fitness, bulimia scale and concern with food (B) (p=0.0014) and overall EAT-26 score (p=0.0005). Higher D-scores were found in working and studying students (p=0.0278) and overweight students (p=0.0297). Those who reported being on some form of diet had higher scores on the D scale (p<0.0001), the B scale (p=0.0300) and the overall score (p=0.0001). Those who said they were concerned about the number of calories had higher scores on the D scale (p<0.0001), B scale (p=0.0010) and overall score (p<0.0001). Those who reported being afraid of getting fat scored higher on the D scale (p<0.0001), B scale (p=0.0001), overall score (p<0.0001), whereas those not afraid of getting fat scored higher on the oral control (CO) scale (p=0.0149), which reflects self-control associated with food and recognizes social influences of the individual’s environment in relation to food intake, as well as those underweight (p=0.0042). Anxiety patients obtained higher scores on the D scale (p=0.0356), B scale (p=0.0266) and overall score (p=0.0310). Conclusion: Higher scores on the EAT-26 scale were evidenced in medical interns who are female, who work and study, and in overweight patients. Furthermore, following a specific diet, being concerned about the amount of calories consumed, being afraid of getting fat, being anxious, sad and dissatisfied with one’s own body were also factors associated with higher scores. All of these factors can be related to an increased risk of these students developing eating disorders, such as anorexia and bulimia.