Este artigo descreve aspectos metodológicos e caracteriza a participação no primeiro ano do estudo Impacto da Regulamentação do Ambiente Alimentar Escolar. O estudo visa monitorar a comercialização de alimentos nas cantinas e no entorno de escolas privadas de três cidades brasileiras com distintos contextos regulatórios, bem como investigar a percepção dos escolares sobre a cantina escolar. Trata-se de um estudo transversal repetido (2023/24 e 2025), com amostras independentes, em Recife (PE), Niterói (RJ) e Porto Alegre (RS). Para o Módulo Cantina, planejou-se uma amostragem de escolas privadas de ensino fundamental e médio, estratificada pelo porte escolar e com reposição inversa. Para o Módulo Ambulante, uma amostra de conveniência. E para o Módulo Aluno, uma amostra por conglomerados em três estágios. Os dois primeiros módulos replicam a metodologia do estudo Comercialização de Alimentos em Escolas Brasileiras – Caeb. A primeira coleta de dados ocorreu entre setembro de 2023 e maio de 2024. Participaram 202 escolas e 532 alunos. Apenas três vendedores ambulantes foram localizados. As taxas de participação escolar foram de 47,8% em Porto Alegre, 53,9% em Niterói e 69,9% em Recife. Houve resistência das escolas em receber a pesquisa, o que prolongou a coleta de dados e exigiu adaptações metodológicas. O artigo discute os desafios enfrentados no trabalho de campo e os ajustes metodológicos para o segundo ano de acompanhamento, trazendo recomendações para futuros estudos no ambiente escolar. Este projeto é fruto da colaboração entre academia e sociedade civil organizada, que demandou informações para apoiar ações de advocacy pela alimentação saudável na escola. As evidências geradas poderão subsidiar a formulação e o aprimoramento de políticas de proteção do ambiente alimentar escolar em outras cidades e níveis governamentais.

This article describes the methodological aspects and characterizes participation in the first year of the Impact of School Food Environment Regulation study. The study aims to monitor the commercialization of foods in canteens and the surrounding areas of private schools in three Brazilian cities with distinct regulatory contexts, as well as to investigate students' perceptions of the school canteen. It is a repeated cross-sectional study (2023/24 and 2025) with independent samples, conducted in Recife (PE), Niterói (RJ), and Porto Alegre (RS). For the Canteen Module, a stratified sampling of private elementary and high schools was planned, considering school size and using inverse replacement. The Street Vendor Module used a convenience sample, while the Student Module employed a three-stage cluster sampling. The first two modules replicate the methodology of the Commercialization of Food in Brazilian Schools (Caeb) study. The first data collection occurred between September 2023 and May 2024, involving 202 schools and 532 students. Only three street vendors were found. School participation rates were 47.8% in Porto Alegre, 53.9% in Niterói, and 69.9% in Recife. Schools' reluctance to participate in the study prolonged the data collection period and required methodological adaptations. This article discusses the challenges in fieldwork and the methodological adjustments planned for the second year of follow-up, offering recommendations for future studies in the school environment. This project results from a collaboration between academia and organized civil society, which sought information to support advocacy efforts for healthy eating in schools. The evidence generated may contribute to the development and improvement of policies aimed at protecting the school food environment in other cities and at different government levels.

RESUMO OBJETIVO Descrever e analisar a saudabilidade dos estabelecimentos com venda formal e informal de alimentos em terminais rodoviários da região metropolitana do Rio de Janeiro. MÉTODOS Realizou-se auditoria em 156 estabelecimentos formais e 127 pontos informais de venda de alimentos localizados em 14 terminais rodoviários das cinco cidades mais populosas da região metropolitana do Rio de Janeiro. Foram calculadas proporções de tipos de estabelecimentos e médias (IC95%) de indicadores de disponibilidade de alimentos nos ambientes formal e informal. Para o ambiente formal, foram descritos preços, proporções das formas de pagamento aceitas, dias e horários de funcionamento e categorias de alimentos com propaganda exposta. RESULTADOS A saudabilidade dos pontos de venda de alimentos nos terminais rodoviários era baixa (inferior a 36%). Em média, estavam disponíveis para compra 250% mais subgrupos de alimentos ultraprocessados do que in natura ou minimamente processados. Adquirir comida nesses locais era conveniente porque diversas formas de pagamento estavam disponíveis e os horários de funcionamento dos estabelecimentos acompanhavam os picos de movimentação. Além disso, 73,3% das propagandas se referiam a bebidas ultraprocessadas e o custo-benefício da compra de alimentos ultraprocessados era melhor que o de alimentos in natura ou minimamente processados. CONCLUSÃO O ambiente alimentar dos terminais rodoviários da região metropolitana do Rio de Janeiro promove uma alimentação não saudável. Políticas públicas de regulação devem se concentrar em iniciativas que limitem a ampla disponibilidade e publicidade de alimentos ultraprocessados nesses espaços de grande circulação de pessoas.

ABSTRACT PURPOSE To describe and analyze the healthiness of formal and informal food establishments in bus terminals of the metropolitan region of the state of Rio de Janeiro. METHOD An audit was conducted in 156 formal and 127 informal food establishments located in 14 bus terminals of the five most populous cities of the metropolitan region of Rio de Janeiro. Proportions of types of establishments and means (95%CI) of food availability indicators in formal and informal settings were calculated. For the formal setting, prices, proportions of accepted payment methods, days and hours of operation, and food categories with displayed advertising were described. RESULTS The healthiness of food establishments in bus terminals was low (less than 36%). On average, ultra-processed food subgroups were 250% more available for purchase than fresh or minimally processed food. Purchasing food at these places was convenient because several forms of payment were available, and the opening hours of the establishments followed the peaks of movement. In addition, 73.3% of the advertising referred to ultra-processed drinks, and the cost-benefit of buying ultra-processed food was better than fresh or minimally processed food. CONCLUSION The food environment of bus terminals in the metropolitan region of Rio de Janeiro promotes unhealthy eating. Regulatory public policies should focus on initiatives to limit the wide availability and advertising of ultra-processed food in spaces of great circulation of people.

ABSTRACT PURPOSE To describe and analyze the healthiness of formal and informal food establishments in bus terminals of the metropolitan region of the state of Rio de Janeiro. METHOD An audit was conducted in 156 formal and 127 informal food establishments located in 14 bus terminals of the five most populous cities of the metropolitan region of Rio de Janeiro. Proportions of types of establishments and means (95%CI) of food availability indicators in formal and informal settings were calculated. For the formal setting, prices, proportions of accepted payment methods, days and hours of operation, and food categories with displayed advertising were described. RESULTS The healthiness of food establishments in bus terminals was low (less than 36%). On average, ultra-processed food subgroups were 250% more available for purchase than fresh or minimally processed food. Purchasing food at these places was convenient because several forms of payment were available, and the opening hours of the establishments followed the peaks of movement. In addition, 73.3% of the advertising referred to ultra-processed drinks, and the cost-benefit of buying ultra-processed food was better than fresh or minimally processed food. CONCLUSION The food environment of bus terminals in the metropolitan region of Rio de Janeiro promotes unhealthy eating. Regulatory public policies should focus on initiatives to limit the wide availability and advertising of ultra-processed food in spaces of great circulation of people.

RESUMO OBJETIVO Descrever e analisar a saudabilidade dos estabelecimentos com venda formal e informal de alimentos em terminais rodoviários da região metropolitana do Rio de Janeiro. MÉTODOS Realizou-se auditoria em 156 estabelecimentos formais e 127 pontos informais de venda de alimentos localizados em 14 terminais rodoviários das cinco cidades mais populosas da região metropolitana do Rio de Janeiro. Foram calculadas proporções de tipos de estabelecimentos e médias (IC95%) de indicadores de disponibilidade de alimentos nos ambientes formal e informal. Para o ambiente formal, foram descritos preços, proporções das formas de pagamento aceitas, dias e horários de funcionamento e categorias de alimentos com propaganda exposta. RESULTADOS A saudabilidade dos pontos de venda de alimentos nos terminais rodoviários era baixa (inferior a 36%). Em média, estavam disponíveis para compra 250% mais subgrupos de alimentos ultraprocessados do que in natura ou minimamente processados. Adquirir comida nesses locais era conveniente porque diversas formas de pagamento estavam disponíveis e os horários de funcionamento dos estabelecimentos acompanhavam os picos de movimentação. Além disso, 73,3% das propagandas se referiam a bebidas ultraprocessadas e o custo-benefício da compra de alimentos ultraprocessados era melhor que o de alimentos in natura ou minimamente processados. CONCLUSÃO O ambiente alimentar dos terminais rodoviários da região metropolitana do Rio de Janeiro promove uma alimentação não saudável. Políticas públicas de regulação devem se concentrar em iniciativas que limitem a ampla disponibilidade e publicidade de alimentos ultraprocessados nesses espaços de grande circulação de pessoas.