Muchas sociedades campesinas e indígenas han desarrollado sus propias estrategias en el uso de suelos, con escasa o ninguna influencia de los organismos oficiales de investigación o comunicación rural. Las técnicas de manejo utilizadas por estas sociedades están predominantemente basadas en sistemas de conocimiento local. La etnoedafología se dedica a estudiar las interfases entre la especie humana, los suelos y otros componentes de los ecosistemas. La mayoría de estos estudios están relacionados con la agricultura, prestando poca atención a otras formas de uso. En este artículo, las relaciones entre la especie humana y los suelos son discutidas desde una perspectiva etnoedafológica, poniendo énfasis en su utilización en prácticas no-agricolas, principalmente en la alfarería. En un nivel mundial, se ha demostrado la importáncia de los sistemas locales de conocimiento de los suelos y materiales minerales, no solamente con respecto a la agricultura, sino también a otros dominios del comportamiento humano, tales como la artesanía, la pesca, el tratamiento de enfermedades, la construcción de viviendas, la minería, la pintura corporal ritual, la producción de sal, la geofagia y otros. La gran diversidad de prácticas y conocimientos sobre el suelo entre las poblaciones rurales debe ser considerada e incorporada a los estudios edafológicos, en una perspectiva interdisciplinaria. La investigación etnoedafológica en distintos ambientes puede contribuir al desarrollo de la ciencia formal, asi como a la comprensión y valoración adecuada del saber local sobre suelos.
Many peasant and indigenous societies have created their own soil use strategies, having little or no contact with official research and rural communication agencies. Management techniques used by these societies are mainly based on local knowledge systems. Ethnopedology comprises the study of the interfaces among the human species, the soils, and the other constituents of ecosystems. Ethnopedological studies have been devoted mainly to agriculture, paying little attention to other aspects of soil use. In this paper, the relations between soils and the human species are discussed under an ethnopedological approach, with emphasis on non-agricultural soil use practices, such as pottery making. Worldwide research has demonstrated the existence and importance of local knowledge systems about soils and mineral materials, not only related to agriculture, including other behavioral realms, such as craftsmanship, fisheries, healing practices, building construction, mining, ritual body painting, salt production, and geophagy, among others. The high diversity of soil knowledge and practices that exist among rural people should be considered and incorporated in formal soil studies, through an interdisciplinary perspective. Ethnopedological studies in different environments could be an aid to the advancement of formal soil knowledge, also giving an opportunity to understanding and valuing local soil knowledge.
Muitas populações camponesas e indígenas desenvolveram suas próprias estratégias de utilização dos solos, tendo pouco ou nenhum contato com órgãos oficiais de pesquisa e comunicação rural. Isto permite pressupor a existência de conhecimentos pedológicos locais, subjacentes às práticas de manejo adotadas por essas populações. As interfaces existentes entre os solos, a espécie humana e os outros componentes dos ecossistemas constituem o objeto de estudo da etnopedologia. Os estudos etnopedológicos têm enfocado, prioritariamente, o uso agrícola, dando pouca atenção a outros campos de comportamento. Neste artigo, as relações entre os solos e a espécie humana são discutidas desde um ponto de vista etnopedológico, dando ênfase às práticas não-agrícolas, especialmente o seu uso como matéria-prima para a confecção de cerâmica artesanal. Pesquisas em nível mundial têm mostrado a importância dos conhecimentos locais sobre solos e materiais minerais, não somente em relação ao uso agrícola, mas também a outros campos de comportamento como o artesanato, a pesca, o tratamento de enfermidades, a construção de residências, a mineração de ouro e platina, a pintura corporal para rituais e a extração de sal, bem como a própria alimentação humana (geofagia), entre outros. A rica variedade de conhecimentos e usos de solos entre os povos rurais deve ser considerada e incorporada nos estudos pedológicos formais, numa perspectiva interdisciplinar. A realização de estudos etnopedológicos em diferentes contextos pode contribuir para o avanço do conhecimento pedológico formal e para uma melhor compreensão e valorização do saber local.