Resumo Este artigo apresenta os resultados preliminares das pesquisas do Departamento de Arqueologia da Universidade Federal de Rondônia realizadas no sítio Santa Paula, implantado em um terraço na margem esquerda da cachoeira do Teotônio, no alto Madeira, em Porto Velho, Rondônia, durante a disciplina de Práticas de Campo em Arqueologia, entre 2014 e 2016. Além dos objetivos didáticos, as pesquisas no Santa Paula tiveram o intuito de contribuir com a arqueologia regional, entendida como uma forma de história cultural indígena. As atividades desenvolvidas foram as seguintes: contextualização histórica e cultural, topografia, escavações, datação, curadoria e análises dos materiais cerâmicos. Os resultados indicam que o sítio foi ocupado por mais de três mil anos, inicialmente pelos portadores da cerâmica Santa Paula, pelos detentores das tradições tecnológicas Pocó-Açutuba, Morro dos Macacos, Barrancoide e Polícroma, pelos povos indígenas conhecidos historicamente, pelos portugueses e pelos ribeirinhos. Não obstante, as transformações mais marcantes do lugar, como a construção de montículos em torno de uma praça central e a formação de terra preta da Amazônia, foram ocasionadas a partir de 1.600 anos atrás, pelos Barrancoide, os quais, assim como os Pocó-Açutuba, podem estar associados à expansão e à influência cultural Arawak pela Amazônia e alhures.
Abstract This paper presents the preliminary results of archaeological research by the Federal University of Rondônia at the Santa Paula site, which is located on a terrace on the left bank of the Teotônio waterfall on the upper Madeira River, in Porto Velho, Rondônia. This fieldwork was conducted from 2014 to 2016 and contributes to regional archaeology as a form of indigenous cultural history. These activities included historical and cultural contextualization, topography, excavation, dating, curation, and analysis of ceramic objects. The findings indicate that the site was occupied for over three thousand years, initially by people who utilized Santa Paula ceramics and the Pocó-Açutuba, Morro dos Macacos, Barrancoid, and Polychrome technical traditions, as well as historically recognized indigenous peoples, the Portuguese, and river dwellers. But the most striking transformations to this site, such as the construction of mounds around a central plaza and production of Amazon dark earth soils, began 1,600 years ago by the Barrancoids, who like the Pocó-Açutuba tradition can be associated with the expansion and cultural influence of the Arawak throughout the Amazon and beyond.