Resumo: A denominação de estado ecótono, por estar localizado na região meio-norte do Brasil, entre a Amazônia a Caatinga e o Cerrado, confere ao Maranhão não só áreas ricas e abundantes de espécies, mas também à necessidade de cuidados especiais na sua conservação, por se tratarem de ambientes de dinâmicos e, portanto, pouco estáveis. Apesar de seu enorme potencial para abrigar altos níveis de riqueza e abundância de espécies da flora e fauna, o Maranhão ainda possui uma riqueza biológica pouco conhecida, notadamente quanto à sua mastofauna. A metodologia empregada para inventariar a comunidade de pequenos mamíferos não-voadores foi a de captura-recaptura, utilizando armadilhas do tipo live-traps. Para os mamíferos de médio e grande porte utilizou-se a visualização direta e indireta através da transecção de trilhas pré-estabelecidas assim como entrevistas e uso de armadilhas fotográficas. Para maximizar a busca das espécies já registradas para o estado foram também realizadas buscas de literatura através de plataformas digitais confiáveis. Foram registradas 89 espécies de mamíferos não-voadores no território maranhense, distribuídos em 9 ordens e 27 famílias. Dos táxons listados 25.84% constam na lista brasileira dos animais ameaçados de extinção, enquanto que 20 são endêmicos do território brasileiro. O estado de conservação de algumas áreas aliado à forte presença de ambientes agro-pastoris contribuíram para ocorrências não usuais, enquanto que a natureza ecotonal foi notada pela proximidade do número de espécies associadas aos biomas Amazônia (N=65) e Cerrado (N=66). Em tempos de desenvolvimento aliada a inúmeros impactos antrópicos sobre o meio ambiente é salutar que se quantifique, mesmo que em escalas específicas, a riqueza ambiental do estado. Diversidade expressiva, endemismo, espécies raras e ameaçadas destacam o Maranhão como um dos principais estados do meio norte do Brasil, entretanto são muitas as lacunas de conhecimento, o que torna imperativo não somente novos trabalhos de inventários mas também maiores esforços na precisão taxonômica das espécies, notadamente na de pequenos mamíferos.
Abstract: The state of Maranhão, located in the westernmost portion of the Northeast Region of Brazil, is characterized by a dynamic and unstable ecotone among the Amazon, Caatinga and Cerrado biomes that presents a high degree of biodiversity with high vulnerability to anthropogenic activities. Despite the enormous potential for sheltering high levels of species diversity and abundance, little is known about many aspects the state’s biodiversity, especially with regard to mammalian fauna. A capture-recapture methodology using live-traps was employed to inventory the non-volant, small mammal community. In addition, we recorded medium and large mammals based on direct and indirect observations, camera-trap surveys, and interviews. An extensive literature search of published research was also performed to maximize the elaboration of a complete mammal species checklist for Maranhão. A total of 89 non-volant mammal species, representing 9 orders and 27 families were recorded in the state of Maranhão. Of these taxa, 25.84% are included in the Brazilian Red List for endangered species, while 20 are considered as being endemic to Brazil. The preservation status of some areas, coupled with the strong presence of agro-pastoral environments, contributed to some unusual species occurrences, while the state’s ecotonal nature was noted by the numbers of species associated with the Amazon (N=65) and Cerrado (N=66) biomes.. Given the rapid development and effects of numerous anthropogenic impacts occurring in the state, it is a crucial time to quantify, even at specific scales, the environmental richness of Maranhão. The significant levels of biodiversity, high degree of endemism, and the presence of numerous rare and endangered species characterizes Maranhão as being among the most biologically important parts of Brazil. Nonetheless, many gaps in our basic knowledge regarding the biodiversity of this area remain, such that the execution of additional biological inventories is imperative, as are greater efforts to clarify certain species limits and necessary taxonomic revisions, most notably that for small mammals.