RESUMO Buscando compreender as concepções coletivas de masculinidade entre os meninos e as possíveis implicações dessas concepções em seus desempenhos escolares, realizamos uma pesquisa etnográfica com crianças de aproximadamente dez anos de idade das camadas trabalhadoras, alunos/as de uma escola pública da cidade de São Paulo, utilizando observações e entrevistas. Identificamos que ser “bom aluno” não parecia contraditório para a afirmação da masculinidade daqueles meninos; ao contrário, o engajamento escolar era reconhecido como um aspecto positivo entre eles. Para ser “bom aluno”, no entanto, os garotos precisavam conseguir jogar nas relações de poder entre pares, valendo-se de práticas de masculinidades valorizadas, (re)construindo hierarquias escolares e sociais em suas interações.
ABSTRACT Seeking to understand the collective conceptions of masculinity among boys and the possible implications of such conceptions on their school performance, we conducted an ethnographic research with working-class students aged approximately ten years, from a public school in São Paulo city, Brazil, using observations and interviews. We identified that being a “good student” did not contradict the affirmation of the masculinity of those boys; on the contrary, school engagement was recognized as a positive aspect among them. Nonetheless, to be “good students”, boys needed to be able to play in the power relationships between peers, drawing on practices of valued masculinities, and (re)constructing school and social hierarchies in their interactions.
RESUMEN Para tratar de comprender las concepciones colectivas de masculinidad entre los niños y las posibles implicaciones de dichas concepciones en sus desempeños escolares, realizamos una investigación etnográfica con niños de cerca de diez años de edad de las clases trabajadoras, alumnos/as de una escuela pública de la ciudad de São Paulo, por medio de observaciones y entrevistas. Identificamos que el ser “buen alumno” no parecía contradictorio para la afirmación de la masculinidad de los chicos; al contrario, el compromiso escolar era reconocido como un aspecto positivo entre ellos. Sin embargo, para ser “buen alumno” los chicos debían lograr jugar en las relaciones de poder entre pares a través de prácticas de masculinidades valorizadas, (re)construyendo jerarquías escolares y sociales en sus interacciones.
RÉSUMÉ Souhaitant comprendre les conceptions collectives de la masculinité chez les jeunes garçons et leurs possibles incidences sur leurs résultats scolaires, nous avons effectué une recherche ethnographique, basée sur des observations et des entretiens, concernant des enfants d’environ 10 ans appartenant au milieu ouvrier dans une école publique de la ville de São Paulo. Nous avons identifié que le fait d’être “bon élève” ne semblait pas être en contradiction avec l’affirmation de leur masculinité et que, au contraire, l’engagement scolaire était perçu comme positif. Cependant, pour être “bons élèves”, les enfants devraient entrer dans le jeu des rapports de pouvoir entre pairs ayant recours à des pratiques de masculinités valorisées, et (re) construire des hiérarchies scolaires et sociales dans leurs interactions.