RESUMO RACIONAL: A neoplasia de coto gástrico é definida como uma neoplasia que surge no remanescente gástrico após pelo menos 5 anos de intervalo da primeira ressecção gástrica. OBJETIVOS: Analisar 51 pacientes submetidos a gastrectomia total, subtotal e ressecções multiviscerais em doente portadores de câncer do coto gástrico. MÉTODOS: Revisados os arquivo hospitalares de 51 pacientes tratados cirùrgicamente por cancer do coto gástrico entre 1989 e 2019. Foram analisados o sexo, o grupo etário, o intervalo entre a primeira cirurgia e o diagnóstico do câncer de coto gástrico, o local da úlcera que motivou a gastrectomia, o tipo de reconstrução, a ressecabilidade do tumor, a cirurgia realizada, a reconstrução do trânsito digestivo, procedimentos cirúrgicos associados, as complicações pós-operatórias empregando a classificação de Clavien-Dindo, o estadiamento da doença e a sobrevida. RESULTADOS: Foram 43 (83,3%) homens, com uma média de idade de 66,9 anos. O intervalo médio entre a gastrectomia inicial e a cirurgia para o tratamento da neoplasia do coto gástrico foi de 34,7 anos. Todos haviam sido prèviamente submetidos à reconstrução a Billroth II. A maioria dos doentes foi submetida a gastrectomia total (35 casos – 68,6%), seguido por uma gastrectomia subtotal (6 casos – 11,8%) e os demais foram considerados irrecáveis (10 pacientes – 19,6%), sendo submetidos a jejunostomia, para suporte nutricional. Resseções multiviscerais consistiram de esplenectomias, colecistectomias, hepatectomias, colectomias parciais, pancreatectomias, enterectomias e nefrectomia. Entre os doentes que tiveram a lesão ressecada, a média do tempo de seguimento foi 34,2 meses (desvio padrão: 47,6 meses), e a sobrevida global em 3 anos foi de 43,6% e a sobrevida em 5 anos foi de 29,7%. CONCLUSÃO: O tratamento da neoplasia de coto gástrico ainda é desafiador, difícil e estratégias de acompanhamento personalizadas, devendo ser focadas em pacientes de alto risco, oferecendo oportunidade para uma intervenção precoce, melhores desfechos clínicos e sobrevida a longo prazo.
ABSTRACT BACKGROUND: Gastric stump neoplasia is defined as a neoplasia that arises in the gastric remnant after at least 5 years of interval from the first gastric resection. AIMS: The aim of this study was to analyze 51 patients who underwent total and subtotal gastrectomy and multi-visceral resections in patients with gastric stump cancer. METHODS: The hospital records of 51 patients surgically treated for gastric stump cancer between 1989 and 2019 were reviewed. The following data were analyzed: sex, age group, the interval between the first surgery and the diagnosis of gastric stump cancer, location of the ulcer that motivated the gastrectomy, type of reconstruction, tumor resectability, surgery performed, reconstruction of the digestive tract, associated surgical procedures, postoperative complications using the Clavien-Dindo classification, disease staging, and survival. RESULTS: There were 43 (83.3%) men, with a mean age of 66.9 years. The mean interval between the initial gastrectomy and surgery for the treatment of gastric stump neoplasia was 34.7 years. All had previously undergone Billroth II reconstruction. Most patients underwent total gastrectomy (35 cases – 68.6%), followed by subtotal gastrectomy (6 cases – 11.8%), and the remainder were considered unresectable (10 patients – 19.6%), undergoing jejunostomy for nutritional support. Multi-visceral resections consisted of splenectomies, cholecystectomies, hepatectomies, partial colectomies, pancreatectomies, enterectomies, and nephrectomies. Among the patients who had the lesion resected, the mean follow-up time was 34.2 months (standard deviation: 47.6 months), the overall survival at 3 years was 43.6%, and the survival at 5 years was 29.7%. CONCLUSION: The treatment of gastric stump neoplasia is still challenging and difficult, and personalized follow-up strategies should be focused on high-risk patients, offering opportunities for early intervention, better clinical outcomes, and long-term survival.