A presente revisão aborda a literatura disponível sobre a vacinação anti-tifoídica. Sentiu-se desde o início a falta de um modelo experimental adequado para avaliar a potência da vacina e somente dados imcompletos e parciais foram obtidos de modelos humanos e animais em relação aos mecanismos imunológicos básicos da resposta à vacinação. Por esta razão um grande número de diferentes métodos foram propostos e usados, fornecendo variações em vários aspectos, tais como: a) tipo de amostra bacteriana utilizada no preparo da vacina; b) métodos de preparo (germes mortos por aquecimento e adição de preservativo, por éter, álcool, acetona, lisados bacterianos, germes vivos atenuados, etc.); c) composição da vacina; d) vias de inoculação (intradérmica, subcutânea, oral, etc.); e) variação do número de microrganismos; d) variação na dose e/ou intervalo entre as doses. Muitos ensaios de campo não foram conclusivos. Foi considerado que estes ensaios iniciais não tiveram controles adequados os quais foram introduzidos posteriormente em ensaios bem planejados, e patrocinados pela Organização Mundial da Saúde em várias partes do mundo (Iugoslávia, Polônia, União Soviética, ìndia e Condado de Tonga). Os dados disponíveis de tais ensaios permitiram as seguintes conclusões: a) a vacina inativada por etanol foi de pouco ou nenhum valor profilático; b) algumas vacinas inativadas ofereceram significante proteção; c) a vacina inativada por acetona é mais eficaz; d) não há proteção para as S. paratyphi A e B nas doses empregadas na TAB. Quando empregada a S. paratyphi B em doses maiores, esta proteção é obtida; e) os testes em animais de laboratórios não podem ser completamente correlacionados com a efetividade no homem bem como o título de anticorpos para os antígenos H, o e Vi; f) uma dose (0,5 a 1 ml de uma suspensão contendo 10*9 bactérias por ml) da vacina inativada por acetona da razoável proteção por um curto período, enquanto duas doses (intervalo de 4 semanas) dão maior proteção e por tempo mais longo; g) a proteção oferecida pela vacinação é maior nos jovens que nos adultos; h) a vacina oral inativada (Typhoral) não oferece proteção mesmo em doses elevadas. Algumas experiências com animais (camundongos, chimpanzés) e voluntários humanos indicaram que uma melhor proteção foi obtida com vacinas vivas atenuadas. Contudo em tais experiências houve persistência tanto da amostra vacinante como da amostra desafio e ainda uma relação significante entre a amostra da vacina rugosa utilizada para imunização e lesões renais abacterianas de natureza desconhecida.
The present comprehensive review deals with the available literature on anti-typhoid vaccines. Among the biological products, no other has raised as much controversy regarding efficacy as this commom preventive, since its early introduction by Wright, Pfeiffer & Kole. From the beginning the lack of an adequate experimental procedure for testing the vaccine potency was felt, and only poor and partial data were gathered, both from human and animal models, in relation to the basic immunological mechanism of the response to vaccination. For this reason a number of different methods have been proposed and used leading to variations in such aspects as: a) the nature of bacterial strains for preparing the vaccine; b) the handling of vaccine strains-killed by heat, various chemicals (alcohol, ether acetone) or lysed, or employing avirulent strains; c) the addition of different components (preservatives and related microrganisms); d) the route of application (subcutaneous, intradermal, oral, etc); e) the dose (number of organisms); f) the time schedule for application. Many field trials failed to be conclusive. It is considered that the early field trials lacked proper controls, which were introduced later, in the well planned investigations sponsored by World Health Organization, in several parts of the World (Yugoslavia, Poland, U.S.S.R., India, Tonga). Data available from such trials permitted the following conclusions: a) killing of the vaccine strains by ethanol produced a vaccine of weak prophylactic value, if any; b) killing by other means produced protective vaccines, with advantage for the one treated by acetone; c) the doses of S. paratyphi A and S. paratyphi B put together in the usual TAB vaccination were insufficient. With a larger dose, protection was obtained in relation to S. paratyphi B; d) no good correlation was obtained between animal tests and protection in humans. Also, titers to the O, Vi and H antigens did not bear a direct relationship with the vaccine protective effect; e) one dose of the acetone killed vaccine (0.5 - 1.0 ml of a 10*9 ml bacterial suspension), subcutaneously, gave appreciable protection for a short period of time, which improved with two doses, four weeks apart; f) better protection was observed in young people, as compared with the older; g) no protective effect was detected when a killed oral vaccine (Typhoral) was used. Some experiments with animals (mice, chimpanzees) and human volunteers indicated a better protection being conferred by live attenuated vaccines. However, in some experiments persistence of both vaccine and challenge strains was observed as well as a significant relation between the rough vaccine strain used for the purpose and abacterial renal lesions of unknown origin.