OBJETIVO: Investigar a associação de insegurança alimentar com as condições demográficas, socioeconômicas, de estilo de vida e saúde de idosos. MÉTODOS: Estudo transversal com 427 idosos (≥60 anos), residentes em Campinas, São Paulo, usuários de restaurante popular, e seus respectivos vizinhos do mesmo sexo. A insegurança alimentar foi medida utilizando a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Calculou-se Odds Ratio e Intervalo de Confiança de 95%, mediante regressão logística multinomial univariada, para medir associação das variáveis independentes com insegurança alimentar; as com p<0,20 integraram modelo de regressão multinomial múltiplo, permanecendo as variáveis com p<0,05. RESULTADOS: Dos entrevistados, 63,2% eram homens; houve 15,2% de insegurança leve e 6,6% de moderada/grave. No modelo final, ajustado por sexo e idade, observou-se maior chance de insegurança leve entre idosos que tinham renda familiar total ≤ 2 salários-mínimos (OR=3,41; IC95%=1,27-9,14), não trabalhavam fora (OR=2,95; IC95%=1,23-7,06), e eram obesos (OR=2,01; IC95%=1,04-3,87). Houve maior chance de insegurança moderada/grave entre aqueles que referiram ter tido câncer (OR=4,13; IC95%=1,21-14,0) e internação no último ano (OR=3,16; IC95%=1,23-8,11). Maior chance de insegurança leve e moderada/grave foi observada entre aqueles que residiam em moradia de alvenaria inacabada/outras (OR=2,71; e OR=2,92), e que referiram não consumir diariamente frutas (OR=2,95; e OR=4,11) e carnes (OR=2,04; e OR=3,83). CONCLUSÃO: Os idosos com insegurança alimentar apresentam maior chance de doenças crônicas, pior estado nutricional, além de piores condições socioeconômicas, motivo pelo qual se sugere a expansão do número de restaurantes populares, bem como desenvolver outras estratégias para assegurar a nutrição adequada dos idosos.
OBJECTIVE: To investigate whether food insecurity is associated with the demographic, socioeconomic, lifestyle, and health conditions of the elderly. METHODS: This cross-sectional study included 427 elderly (³60 years) from Campinas, São Paulo; half were users of a government-run soup kitchen and the others, their neighbors of the same sex. Food insecurity was measured by the Brazilian Food Insecurity Scale. Univariate multinomial logistic regression was used for calculating the odds ratio and 95% confidence interval to measure the association between the independent variables and food insecurity. Variables with p<0.20 were included in a multinomial model, and only those with p<0.05 remained. RESULTS: Most respondents (63.2%) were males; 15.2% and 6.6% were experiencing mild and moderate/severe food insecurity, respectively. The final model, adjusted for sex and age, showed that elderly with a total family income ≤2 minimum salaries (OR=3.41, 95%CI=1.27-9.14), who did not have a job (OR=2.95, 95%CI=1.23-7.06), and who were obese (OR=2.01, 95%CI=1.04-3.87) were more likely to be mildly food insecure. Elderly with cancer (OR=4.13, 95%CI=1.21-14.0) and those hospitalized in the past year (OR=3.16, 95%CI=1.23-8.11) were more likely to be moderately/severely food insecure. Finally, elderly living in unfinished houses (OR=2.71; and OR=2.92) and who did not consume fruits (OR=2.95 and OR=4.11) or meats daily (OR=2.04 and OR=3.83) were more likely to be mildly and moderately/severely food insecure. CONCLUSION: Food insecure elderly are more likely to have chronic diseases, poor nutritional status, and poor socioeconomic condition. Therefore, the welfare programs should expand the number of soup kitchens and develop other strategies to assure adequate nutrition to these elderly.