Resumo: O Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, Brasil, é considerado uma das maiores florestas urbanas do mundo, no entanto nenhum inventário sistemático de sua herpetofauna está disponível. No presente estudo, pesquisamos os anfíbios e répteis deste parque para acessar sua composição de espécies (incluindo dados secundários) e obter estimativas da riqueza e da abundância de espécies. Realizamos buscas ativas (460 horas) entre janeiro de 2013 e dezembro de 2015. Identificamos os taxa endêmicos da Mata Atlântica ou do estado do Rio de Janeiro, e verificamos o status de conservação de cada espécie nas listas vermelhas internacional, brasileira e estadual. Também estimamos a riqueza de espécies e a suficiência amostral através de curvas de rarefação e do estimador de riqueza Bootstrap, e analisamos a distribuição de abundância das espécies através de plots de Whittaker. Registramos 3.288 indivíduos ao longo dos 36 meses, representando 24 espécies de anfíbios e 25 de répteis. As curvas cumulativas de espécies, a rarefação, e a riqueza estimada indicaram que o esforço amostral foi adequado. A abundância das espécies se ajustou ao modelo de série logarítmica tanto para os anfíbios como para os répteis. As quatro espécies de anfíbios mais abundantes representaram 70% dos indivíduos registrados neste grupo, enquanto as duas espécies de répteis mais abundantes representaram 60% do total de indivíduos. A inclusão dos dados secundários elevou o número de espécies de anfíbios para 38 e o de répteis para 36. Aproximadamente 80% dos anfíbios e 28% dos répteis registrados são endêmicos da Mata Atlântica e seis espécies de anfíbios são endêmicos do estado do Rio de Janeiro. Seis espécies de anfíbios e uma de réptil estão classificadas sob alguma ameaça de extinção, e dois répteis constituem espécies exóticas. A considerável diversidade da herpetofauna do Parque Nacional da Tijuca, que inclui espécies endêmicas e ameaçadas, reflete a efetividade do reflorestamento dessa área protegida e enfatiza a importância de sua conservação.
Abstract: The Parque Nacional da Tijuca in Rio de Janeiro, Brazil, is considered to be one of the world’s largest urban forests, however no systematic inventory of its herpetofauna is available. In the present study, we surveyed the amphibians and reptiles of this park to assess its species composition (including secondary data) and obtain estimates of species richness and abundance. We conducted active searches (460 hours) between January 2013 and December 2015. We identified the taxa endemic to either the Atlantic Forest or Rio de Janeiro state, and verified the conservation status of each species in the international, Brazilian, and state red lists. We also estimated the species richness and sampling sufficiency by rarefaction curves and Bootstrap richness estimator, and analyzed the distribution of the species abundance in Whittaker plots. We recorded 3,288 individuals over 36 months, representing 24 species of amphibians and 25 reptiles. The cumulative species curves, rarefaction, and the richness estimated indicated that sampling effort was adequate. Species abundance adjusted to the log-series model in both amphibians and reptiles. The four most abundant amphibians represented 70% of the individuals recorded in this group, while the two most abundant reptiles represented 60% of the total individuals. The inclusion of the secondary data raised the number of amphibian species to 38, and the number of reptiles to 36. Approximately 80% of the amphibian species and 28% of the reptile species recorded are endemic to the Atlantic Forest, and six of the amphibian species are endemic to Rio de Janeiro state. Six amphibian species and one reptile species are classified under some threat of extinction, and two reptile species were exotic. The considerable diversity of the herpetofauna of the Parque Nacional da Tijuca, which includes endemic and threatened species, reflects the effectiveness of the reforestation of this protected area and emphasizes the importance of its conservation.