OBJETIVO: Descrever a mortalidade materna no período reprodutivo (15 a 49 anos) no Estado de São Paulo, de 1991 a 1995, segundo grupos etários e causas básicas de óbito. MÉTODOS: Foi fornecida pela Fundação Seade a listagem dos óbitos, com as causas básicas codificadas pela Classificação Internacional de Doenças, 9ª Revisão, utilizando-se o programa "Automated Classification of Medical Entities", as estimativas da população feminina segundo grupos etários e os números de nascidos vivos. Foram calculados coeficientes específicos por 100.000 mulheres, mortalidade materna por 100.000 nascidos vivos e percentagens de óbitos por subgrupos. Foram calculadas medianas dos coeficientes do quinquênio, para comparação das principais causas agrupadas nos capítulos. RESULTADOS: De 1991 a 1995 houve aumento da mortalidade por deficiência da imunidade celular a partir de 25 anos, parecendo traduzir um paralelismo com a curva ascendente da epidemia de AIDS em mulheres. Lesões e envenenamentos predominam nas mais jovens, porém a partir de 35 anos as doenças do aparelho circulatório e neoplasmas passaram a ser preponderantes. Doenças infecciosas e parasitárias ocupam a sétima ou oitava posição, em todas as idades. Acidentes e homicídios e suicídios foram elevados. A mortalidade materna variou de 43,7 a 49,6 por 100.000 nascidos vivos. CONCLUSÕES: Houve grande exposição das mulheres em idade fértil a fatores associados a causas externas, doenças crônicas e AIDS. A maioria das causas apontadas de mortalidade materna podem ser prevenidas e, portanto, revelam insuficiência de assistência pré-natal adequada e extensiva, bem como deficiências no atendimento ao parto e puerpério.
OBJECTIVE: To describe female mortality in the reproductive age (15 to 49 years old) in the State of S. Paulo, Brazil, from 1991 to 1995, according to the age and underlying causes of death. METHODS: Underlying causes of death, according to the International Classification of Diseases, 9th Revision, were determined in the program Automated Classification of Medical Entities (ACME), developed by "Fundação Seade", which provided us data files and estimated women population by age groups and numbers of live births during the 1991 -- 1995 period. Specific rates were calculated per 100,000 women and maternal mortality rates were given per 100,000 live births. Percentages of death were calculated for sub-groups. The median of the rates for a five-year-period was calculated to allow the comparison among the leading underlying causes of death. RESULTS: "Celular immunity deficiency" increased from 1991 to 1995 in women aged 25 or more which seems to be concomitant to the spreading of the AIDS epidemic among women. Lesions and poisonings were the leading causes of death in younger women, but after the age of 35 cardiovascular diseases and neoplasms became the chief causes. Infectious and parasitic diseases were rated in the 7th or 8th positions in all ages. Accidents and homicides were high. Maternal mortality rates ranged from 43.7 to 49.6 per 100,000 live births, their leading causes were presented and discussed. CONCLUSIONS: Women in the reproductive age were exposed to external factors, chronic diseases and AIDS. The majority of maternal causes of death are preventable diseases. There is a lack of adequate and extensive antenatal care as well as in delivery and postpartum care.