O processo de deteriorização socioambiental do polo gesseiro de Pernambuco necessita ser mais bem conhecido. Este artigo objetivou estudar os fatores epidemiológicos que concorrem com a saúde das pessoas. Um estudo epidemiológico transversal foi realizado no período de 2001 a 2003, por meio da aplicação de um questionário fechado no distrito de Morais, município de Araripina, considerado uma das principais localidades de produção de gesso e artefatos. Uma amostra randomizada foi extraída a partir dos 2.486 habitantes, considerando-se como erro aceitável de 5% para o Intervalo de Confiança (IC) de Katz de 95%. Quatrocentas e sessenta e duas pessoas foram entrevistadas e os problemas de saúde mais referidos foram: irritação dos olhos (42,92%), sangramento de nariz (37,39%), tosse (28,26%), cansaço (21,73%), irritação na pele (18,48%), falta de ar (16,26%) e história de doença respiratória pregressa (16,34%), todos estatisticamente significantes. No geral, crianças (de 1 a 9 anos) e idosos ( > 60 anos) relataram mais sintomas respiratórios. A poeira de gesso dentro de casa apresentou-se como um importante indicador qualitativo na avaliação de seu impacto na saúde das pessoas. Nos domicílios avaliados, a presença de poeira de gesso mostrou-se mais prevalente com as queixas de irritação dos olhos (RP = 1,91), irritação na pele (RP = 1,79), cansaço (RP = 1,77) e tosse (RP = 1,70).
The socio-environmental deterioration process of the gypsum production area of the State of Pernambuco, Northeastern Brazil, must be better known. We aimed at investigating the epidemiological factors that coexist with people's health. A cross-sectional epidemiological study was carried out between 2001 and 2003 by means of the administration of a closed questionnaire in the district of Morais, municipality of Araripina, considered as one of the main production areas of gypsum and artifacts. A random sample was extracted from the 2,486 inhabitants, and a 5% error was considered acceptable for the Confidence Interval of Katz of 95%. Four hundred and sixty-two people were interviewed and the most common health problems mentioned by them were: itching eyes (42.92%), bleeding nose (37.39%), coughing (28.26%), fatigue (21.73%), itching skin (18.48%), shortness of breath (16.26%) and history of former breathing diseases (16.34%), all statistically significant. In general, children (1 to 9 years old) and elderly people (> 60 years old) reported more breathing symptoms. Gypsum dust inside the houses proved to be an important qualitative indicator to evaluate the impact over people's health. In those houses, the presence of dust prevailed more concerning complaints about itching eyes (PR = 1.91), itching skin (PR = 1.79), fatigue (PR = 1.77) and coughing (PR = 1.70).