Cabo Verde e São Tomé e Príncipe foram as primeiras sociedades crioulas do mundo atlântico. Inicialmente, em muitos aspetos, a colonização dos dois arquipélagos pelos portugueses era muito semelhante. Contudo, a diferente posição geográfica e as divergências do clima e do meio ambiente condicionaram o desenvolvimento de economias distintas e diferenças no grau da miscigenação nos dois arquipélagos. Diferente desenvolvimento socioeconómico no século XIX, marcado, em São Tomé e Príncipe, pela recolonização e pelo restabelecimento da economia de plantação e, em Cabo Verde, pela consolidação da sociedade crioula e pela emigração, reforçou as divergências existentes. As diferenças refletem-se em distintas afirmações identitárias das duas sociedades crioulas. Cabo Verde afirma uma singularidade da sua sociedade crioula, enquanto, em São Tomé e Príncipe, domina uma identidade africana.
Cape Verde and São Tomé and Príncipe were the first Creole societies in the Atlantic world. Initially, the colonization of the two archipelagos by the Portuguese was very similar in many aspects. However, the different geographic position with differences in climate and the natural environment conditioned the development of distinct economies and unequal degrees of miscegenation in the two archipelagos. Different socioeconomic developments in the nineteenth century, in São Tomé and Príncipe, marked by the re-colonization and the reestablishment of the plantation economy and, in Cape Verde, by the consolidation of the Creole society and by emigration, reinforced existing divergences. The differences are reflected in distinct identity statements in the two Creole societies. Cape Verde claims the singularity of its Creole society while, in São Tomé and Príncipe, an African identity dominates.