Resumo Fundamento: O BNP foi exaustivamente avaliado para a determinação do prognóstico em curto e médio prazo em pacientes com síndrome coronariana aguda, mas o seu papel para a mortalidade a longo prazo é incerta. Objetivo: Determinar o papel prognóstico a muito longo prazo do peptídeo natriurético do tipo B (BNP) para a mortalidade por todas as causas em pacientes com síndrome coronariana aguda sem supradesnivelamento do segmento ST (SCASSST). Métodos: Coorte de 224 pacientes consecutivos com SCASSST, prospectivamente atendidos no setor de emergência, em que se mediu o BNP na chegada para estabelecer o prognóstico ao longo do seguimento mediano de 9,34 anos para a mortalidade por todas as causas. Resultados: Diagnosticou-se angina instável em 52,2% e infarto do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST em 47,8%. A mediana do BNP da admissão foi de 81,9 pg/mL (intervalo IQ = 22,2; 225) e a taxa de mortalidade correlacionou-se com quartis crescentes de BNP: 14,3; 16,1; 48,2; e 73,2% (p < 0,0001). A curva ROC revelou 100 pg/mL como o melhor ponto de corte de BNP para a predição de mortalidade (área sob a curva = 0,789, 95% CI = 0,723-0,854) sendo um forte preditor de mortalidade tardia: BNP < 100 = 17,3% vs. BNP ≥ 100 = 65,0%, RR = 3,76 (IC 95% = 2,49-5,63, p < 0,001). Na análise de regressão logística, idade>72 anos (OR = 3,79, IC 95% = 1,62-8,86, p = 0,002), BNP ≥ 100 pg/mL (OR = 6,24, IC 95% = 2,95-13,23, p < 0,001) e taxa de filtração glomerular estimada (OR = 0,98, IC 95% = 0,97-0,99, p = 0,049) foram preditores independentes de mortalidade tardia. Conclusões: O BNP medido na admissão hospitalar em pacientes com SCASSST é um forte preditor independente de mortalidade por todas as causas de muito longo prazo. Este estudo permite que se levante a hipótese de que o BNP deva ser medido em todos os pacientes com SCASSST no evento-índice para a estratificação de risco a longo prazo.
Abstract Background: BNP has been extensively evaluated to determine short- and intermediate-term prognosis in patients with acute coronary syndrome, but its role in long-term mortality is not known. Objective: To determine the very long-term prognostic role of B-type natriuretic peptide (BNP) for all-cause mortality in patients with non-ST segment elevation acute coronary syndrome (NSTEACS). Methods: A cohort of 224 consecutive patients with NSTEACS, prospectively seen in the Emergency Department, had BNP measured on arrival to establish prognosis, and underwent a median 9.34-year follow-up for all-cause mortality. Results: Unstable angina was diagnosed in 52.2%, and non-ST segment elevation myocardial infarction, in 47.8%. Median admission BNP was 81.9 pg/mL (IQ range = 22.2; 225) and mortality rate was correlated with increasing BNP quartiles: 14.3; 16.1; 48.2; and 73.2% (p < 0.0001). ROC curve disclosed 100 pg/mL as the best BNP cut-off value for mortality prediction (area under the curve = 0.789, 95% CI= 0.723-0.854), being a strong predictor of late mortality: BNP < 100 = 17.3% vs. BNP ≥ 100 = 65.0%, RR = 3.76 (95% CI = 2.49-5.63, p < 0.001). On logistic regression analysis, age >72 years (OR = 3.79, 95% CI = 1.62-8.86, p = 0.002), BNP ≥ 100 pg/mL (OR = 6.24, 95% CI = 2.95-13.23, p < 0.001) and estimated glomerular filtration rate (OR = 0.98, 95% CI = 0.97-0.99, p = 0.049) were independent late-mortality predictors. Conclusions: BNP measured at hospital admission in patients with NSTEACS is a strong, independent predictor of very long-term all-cause mortality. This study allows raising the hypothesis that BNP should be measured in all patients with NSTEACS at the index event for long-term risk stratification.