Resumo Embora lésbicas e mulheres bissexuais tenham sido incluídas nas políticas de saúde, na busca por uma atenção integral e que inclua o reconhecimento da diversidade sexual, a discriminação persiste nos espaços de atenção à saúde, especialmente nas consultas clínicas. Este trabalho, de vertente qualitativa, teve por objetivo discutir, a partir das percepções e vivências dessas mulheres, as relações estabelecidas nas consultas ginecológicas, abordando especificamente a (não) revelação da condição de lésbica/bissexual, as experiências com exames e orientações pertinentes à sexualidade e as dificuldades de negociação de condutas. A produção dos dados empíricos deu-se por meio de entrevistas semiestruturadas com doze lésbicas e cinco mulheres bissexuais. Os resultados apontam para a invisibilidade bissexual no contexto clínico, para as dificuldades na consulta ginecológica tanto para lésbicas quanto bissexuais e para o temor das mulheres quanto à exposição da orientação sexual, bem como o não reconhecimento de sua sexualidade. Nesse sentido, as consultas em ginecologia continuam centradas em pressupostos heteronormativos, preponderando aspectos reprodutivos em detrimento dos aspectos sexuais da vida.
Abstract Although lesbian and bisexual women have been included in health policies, in the search for comprehensive care, including the recognition of sexual diversity, discrimination persists in health care spaces, especially in clinical consultations. Based on the perceptions and experiences of these women, this qualitative study discusses, the relationships established in gynecological consultations, addressing the disclosure of the status of being lesbian/bisexual, experiences with exams and guidelines relevant to sexuality and the difficulties of negotiating conduct. The production of empirical data took place through semi-structured interviews with twelve lesbians and five bisexuals. The results point to bisexual invisibility in the clinical context. Difficulties in gynecological consultation involve fears regarding the exposure of sexual orientation, as well as the non-validation of their sexuality. Consultations in gynecology remain centered on heteronormative assumptions. Thus, they operate with a preponderance of reproductive aspects to the detriment of sexual aspects of life.