RESUMO O atual estudo teve como objetivo identificar e analisar a prevalência de conflitos éticos vivenciados por estudantes de Medicina. Este estudo trata-se de pesquisa com delineamento transversal e analítico e que foi conduzida em uma escola pública do estado de Minas Gerais, Brasil. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário autoaplicado. Os dados coletados foram apresentados em valores absolutos e percentuais. Para o tratamento estatístico analítico dos dados considerou-se o nível de significância p<0,05. As variáveis desfecho foram: Vivência de conflitos éticos em relações interpessoais no âmbito do curso médico e Condutas éticas na assistência em saúde. A identificação da prevalência dos conflitos éticos na graduação adotou a perspectiva das diferentes relações interpessoais (acadêmico-docente, acadêmico-acadêmico, acadêmico-funcionário, acadêmico-paciente, docente-docente, docente-paciente, docente-funcionário e funcionário-paciente) e condutas na assistência médica (importância de identificar-se ao usuário dos serviços de saúde e dele solicitar consentimento para realizar o exame físico, assistência sem supervisão do docente, emissão de documentos de saúde sem assinatura do profissional responsável e uso de redes sociais para compartilhar dados de paciente). Foi verificada associação das variáveis desfecho com sexo, ano da graduação e avaliação do curso. Participaram da pesquisa 281 acadêmicos matriculados em todos os anos da graduação em Medicina, de ambos os sexos, sendo predominante o sexo feminino (52,7%). Os estudantes relataram ter vivenciado situações conflituosas nas relações interpessoais com os professores (59,6%), prestaram assistência sem a devida supervisão de um professor (62,6%), afirmaram ter emitido documentos de saúde sem o acompanhamento de professores (18,5%), sendo a maior frequência observada entre aqueles matriculados nos anos mais avançados da graduação (p<0,05). O uso das redes sociais com a finalidade de compartilhar os dados de pacientes (25,1%) foi prevalente nos anos mais avançados da graduação em medicina e entre os que avaliaram o curso como regular (p<0,05). Conclui-se que os estudantes de graduação em Medicina vivenciaram conflitos éticos durante a sua formação médica, com prevalência de vivência dos conflitos nos anos mais avançados do referido curso. Nessa perspectiva, faz-se necessário propiciar um espaço de discussão e de reflexão coletiva acerca dos problemas éticos vivenciados pelos estudantes, ao longo da graduação em Medicina, a fim de se construir um agir profissional eticamente correto.
ABSTRACT The current study aimed to identify and analyze the prevalence of ethical conflicts experienced by medical students. This study is a cross-sectional and analytical research that was conducted in a public school in the state of Minas Gerais, Brazil. The instrument used for the data collection was a self-administered questionnaire. The data collected were presented in absolute and percentage values. For the analytical statistical treatment of the data, the level of significance was considered p <0.05. The outcome variables were: Experiences of ethical conflicts in interpersonal relations within the medical course and Ethical conduct in health care. The identification of the prevalence of ethical conflicts in the undergraduate program adopted the perspective of different interpersonal relations (academic-teaching, academic-academic, academic-employee, academic-patient, teacher-teacher, teacher-patient, teacher-employee and employee-patient). (Importance of identifying themselves to the health services user and requesting consent to perform the physical examination, assistance without the supervision of the teacher, issuance of health documents without the signature of the professional responsible and use of social networks to share data Of patient). It was verified the association of the outcome variables with sex, year of graduation and course evaluation. A total of 281 undergraduate students enrolled in all undergraduate courses in Medicine of both sexes, with a predominance of female (52.7%). The students reported having experienced conflicting situations in interpersonal relations with teachers (59.6%), provided assistance without proper supervision of a teacher (62.6%), reported having issued health documents without the accompaniment of teachers (18, 5%). The highest frequency was observed among those enrolled in the most advanced years of the undergraduate program (p <0.05). The use of social networks for the purpose of sharing patient data (25.1%) was prevalent in the most advanced years of medical graduation and among those who evaluated the course as regular (p <0.05). It is concluded that undergraduate medical students experienced ethical conflicts during their medical training, with a prevalence of conflicts in the advanced years of the course. From this perspective, it is necessary to provide a space for discussion and collective reflection on the ethical problems experienced by students, during their graduation in Medicine, in order to build a professional ethical practice.