Desde 2000, diversos casos de infecção e doença por Macrorhabdus ornithogaster (megabacteria) foram diagnosticados no Setor de Doenças das Aves (Escola de Veterinária da UFMG). A doença clínica foi caracterizada por emagrecimento, prostração, perda do apetite, caquexia e morte, em curso crônico, embora com forma mais aguda em canários e periquitos. O microrganismo grande, em forma de bastão, visível a partir de 100 aumentos sem e com coloração, pode também ser detectado em aves de aspecto clínico normal, principalmente galinhas, perus, codornas e pombos. Em emas (Rhea), avestruzes (Struthio camelus), canários, mandarins, galinhas da Angola (Numida meleagris) e periquitos Australianos (Melopsittacus undulatus), a severidade da doença foi sempre maior, ocasionando até 100% de mortalidade em alguns plantéis. Na maioria das espécies a doença foi detectada em aves com endo e/ou ectoparasitismo. O cultivo de M. ornithogaster foi obtido em meio sólido (ágar para fungos patogênicos) e subcultivado em meio líquido (thioglicolato), do proventriculo de galinha, galinha da Angola, perdiz de chuckar e canário. O resultado mais surpreendente na microscopia de M. ornithogaster foi a presença de motilidade, detectada tanto de cultivos in vitro quanto de preparações úmidas de in vivo. Diferenças nos aspectos das colônias foram notadas entre os isolados. Infecções experimentais em galinha (SPF) e codorna japonesa permitiram a detecção do organismo nos proventrículos das aves de aspecto normal. Nas codornas, à necropsia notaram-se hemorragias hepáticas. A infecção experimental em camundongos via intraperitoneal resultou em 100% de mortalidade, também com lesões hepáticas. Aspectos do cultivo, a importância da doença, as espécies de aves susceptíveis e seu papel na epidemiologia são discutidos.
Since 2000, Macrorhabdus ornithogaster "megabacteriosis" has been diagnosed in the avian diseases laboratory in a diversity of avian species and varied spectrum of disease. The disease in some species (chickens, turkeys, guinea fowls) was clinically characterized by emaciation, prostration, loss of appetite, cachexia and death, with a typically chronic course. A more acute disease was observed in finches (canary-Serinus and zebra-Taeniopygia) and budgerigars (Melopsittacus undulatus). The large rod shaped organism, visible from 100 times magnification, with and without staining, could be detected in sick and also in reasonably normal individuals of some species, such as chickens, turkeys, quails and pigeons. In rheas (Rhea americana), ostriches (Struthio camelus), canaries, zebra-finches, guinea-fowl (Numida meleagris) and budgerigars. The disease was severe, causing to up to 100% mortality. The infection could be detected in some species along with other infectious or disease problems, such as endoparasites (helminths, coccidia) and ectoparasitism (order Mallophaga or/and order Acarina). The cultivation of M. ornithogaster was successfully achieved in solid and liquid media, originated from chickens (four isolates), guinea fowl (1 isolate), chuckar partridge (1 isolate) and canary (1 isolate). A very interesting finding at microscopy was motility of M. ornithogaster, as detected both in cultures obtained on agar for pathogenic fungi and passaged into thioglycolate broth, as well as on samples observed in wet preparations from in vivo. Differences in colony aspects were noted among the isolates. Experimental infections were attempted in chicken and japanese quail, using a chicken isolate, allowing the detection of the organism in the proventriculus and liver in apparently normal birds. One chicken isolate was injected intraperitoneally in Balb/c mice and resulted in 100% mortality.