RESUMO Objetivos: A esfincteroplastia anal com retalho Deoti é um procedimento publicado recentemente para o tratamento de deformidade perineal grave. O objetivo deste estudo é relatar seis pacientes, analisando seus resultados em questionários de incontinência fecal e propondo uma nova escala para avaliar melhor o objetivo principal da nossa técnica, a reconstrução da anatomia perianal. Métodos: Seis pacientes foram submetidos à esfincteroplastia anal com retalho de Deoti e o acompanhamento foi realizado a cada seis meses. Os resultados funcionais e a qualidade de vida foram medidos pelas Escalas Wexner Score e FIQL, respectivamente. Resultados: Não houve falhas na rotação do retalho Deoti. A amostra apresentou medianas de 18,5 e 3,5 na Wexner Score, antes e depois da cirurgia, respectivamente. Na Escala FIQL, as medianas antes e depois da cirurgia são, respectivamente, 1,75 e 3,35 (Escala 1); 1,54 e 2,60 (Escala 2); 2,35 e 3,28 (Escala 3); 1,49 e 3,33 (Escala 4). Os valores de p foram 0,0173 para Wexner Score e 0,0260; 0,0411; 0,0368 e 0,0952 para Escalas 1; 2; 3 e 4 de FIQL, respectivamente. Todos os pacientes apresentaram melhora sustentada na pontuação de Wexner e no questionário de qualidade de vida (em todas as escalas do FIQL). Conclusões: O retalho de Deoti com esfincteroplastia reconstrói com sucesso as deformidades anatômicas complexas do períneo. Os questionários atuais para avaliar a incontinência fecal podem não avaliar adequadamente o resultado anatômico da técnica, por isso propomos uma escala visual. Além disso, a esfincteroplastia com retalho de Deoti pode apresentar resultados funcionais mais duradouros do que a esfincteroplastia isolada.
ABSTRACT Objectives: Anal sphincteroplasty with Deoti's flap is a recently published procedure for the treatment of fecal incontinence with severe perineal deformity. The aim of this study is to report six cases of patients, analyzing their results in fecal incontinence questionnaires and proposing a new scale to better assess our technique's main objective, the reconstruction of the perianal anatomy. Methods: Six patients were submitted to anal sphincteroplasty with Deoti's flap and follow-up was performed every six months. Functional results and Quality of Life were measured by Wexner Score and Fecal Incontinence Quality of Life Scale, respectively. Results: All operations were carried out without failure to perform Deoti's flap rotation. The sample presented medians of 18.5 and 3.5 on Wexner Score, before and after surgery, respectively. In the Fecal Incontinence Quality of Life Scale, the medians before and after surgery are, respectively, 1.75 and 3.35 (Scale 1), 1.54 and 2.60 (Scale 2), 2.35 and 3.28 (Scale 3), 1.49 and 3.33 (Scale 4). The p-values were 0.0173 for Wexner Score and 0.0260, 0.0411, 0.0368 and 0.0952 for Scales 1, 2, 3 and 4 of Fecal Incontinence Quality of Life Scale, respectively. All patients presented sustained improvement in Wexner Score and in quality of life questionnaire (in all scales of Fecal Incontinence Quality of Life Scale). Conclusions: Deoti's surgical flap with sphincteroplasty successfully reconstructs complex anatomical deformities of the perineum. Current questionnaires to assess fecal incontinence may not evaluate properly the anatomical result of the technique, thus we propose a visual scale. In addition, sphincteroplasty with Deoti's flap may have longer-term outcomes in functional results than sphincteroplasty alone.