INTRODUÇÃO: No presente estudo, foi comparada a soroprevalência da infecção por Helicobacter pylori entre os indivíduos chagásicos e não-chagásicos, bem como entre subgrupos de chagásicos com as formas clínicas indeterminada, cardíaca, digestiva e cardiodigestiva. MÉTODOS: Os indivíduos avaliados eram provenientes da região do Triângulo Mineiro, Minas Gerais, Brasil. Foram realizados testes sorológicos convencionais para diagnóstico da infecção pelo T. cruzi e os chagásicos foram classificados de acordo com a forma clínica. O diagnóstico de infecção por H. pylori foi estabelecido pela detecção de anticorpos IgG específicos utilizando-se um kit comercial de ELISA. RESULTADOS: A prevalência da infecção por H. pylorifoi 77,1% (239/310) no grupo de pacientes chagásicos e 69,1% (168/243) no grupo de não-chagásicos. Esta diferença foi estatisticamente significativa mesmo após ajuste para idade e sexo (OR = 1,57; 95% CI, 1,02-2,42; p = 0,04) na análise multivariada. A prevalência da infecção aumentou de acordo com a idade no grupo não-chagásicos (p = 0,007, χ2 for trend) mas este aumento não foi observado no grupo dos chagásicos (p = 0,15, χ2 for trend). Não houve associação da infecção por H. pylori com a forma digestiva ou com qualquer outra forma clínica da doença de Chagas (p = 0,27). CONCLUSÕES: Foi demonstrado que pacientes chagásicos apresentam maior prevalência da infecção por H. pylori quando comparados com não-chagásicos, independente da forma clínica da doença. Os fatores que contribuem para a frequente co-infecção Helicobacter pylori e Trypanosoma cruzi, bem como seus efeitos na evolução clínica das doenças associadas devem ser melhor estudados.
INTRODUCTION: In this study, we evaluated the seroprevalence of Helicobacter pylori infection among chagasic and non-chagasic subjects as well as among the subgroups of chagasic patients with the indeterminate, cardiac, digestive, and cardiodigestive clinical forms. METHODS: The evaluated subjects were from the Triângulo Mineiro region, Minas Gerais, Brazil. Chagasic patients showed positive reactions to the conventional serological tests used and were classified according to the clinical form of their disease. Immunoglobulin G antibodies specific to H. pylori were measured using a commercial enzyme-linked immunosorbent assay kit. RESULTS: The overall H. pylori prevalence was 77.1% (239/310) in chagasic and 69.1% (168/243) in non-chagasic patients. This difference was statistically significant even after adjustment for age and sex (odds ratio = 1.57; 95% confidence interval, 1.02-2.42; p = 0.04) in multivariate analysis. The prevalence of infection increased with age in the non-chagasic group (p = 0.007, χ2 for trend), but not in the chagasic group (p = 0.15, χ2 for trend). H. pylori infection was not associated with digestive or other clinical forms of Chagas disease (p = 0.27). CONCLUSIONS: Our findings demonstrate that chagasic patients have a higher prevalence of H. pylori compared to non-chagasic subjects; a similar prevalence was found among the diverse clinical forms of the disease. The factors contributing to the frequent co-infection with H. pylori and Trypanosoma cruzi as well as its effects on the clinical outcome deserve further study.