RESUMO O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da administração epidural de bupivacaína à altura da primeira vértebra lombar sobre variáveis cardiopulmonares, hemogasometria arterial e antinocicepção. Dezesseis cadelas foram separadas aleatoriamente em dois grupos que se diferenciaram pela dose de bupivacaína, 1mg/kg (G1) ou 2mg/kg (G2), diluídas no mesmo volume final (1mL/4kg). As variáveis cardiopulmonares e hemogasometria arterial foram coletadas antes (T0) e após 10 minutos da administração intravenosa de 0,4mg/kg de butorfanol (T1). A anestesia foi induzida com 2mg/kg de etomidato intravenoso para introdução do cateter epidural. Após 30 minutos, a bupivacaína foi administrada e, passados 10 minutos, nova coleta de parâmetros foi feita, sendo repetida a cada 10 minutos (T2 a T6). Após cinco minutos da administração de bupivacaína, iniciou-se a avaliação da antinocicepção pré-cirúrgica, repetida a cada cinco minutos durante 30 minutos. Então, iniciou-se a cirurgia de ovário-histerectomia, na qual se avaliou a antinocicepção transcirúrgica em cinco momentos. Os resultados paramétricos foram analisados pelo software SAS 9.4 (2010), utilizando-se o teste F com significância menor que 0,05. Houve diferença entre as médias dos grupos após administração de bupivacaína apenas para bicarbonato em T6 (P=0.0198), sendo 18,7±1,3 e 20,4±0,8 as médias do G1 e G2, respectivamente. Desde T1, os grupos apresentaram valores de pH, excesso de bases, pressão parcial de gás carbônico no sangue arterial e tensão de dióxido de carbono ao final da expiração pouco abaixo do fisiológico, sugerindo acidose metabólica discreta. O G2 apresentou efeito antinociceptivo pré e transcirúrgico superior ao G1. Foi possível realizar a cirurgia em 87,5% das cadelas do G2 e em 25% das cadelas do G1. Concluiu-se que as duas doses de bupivacaína avaliadas não acarretam alterações importantes nos parâmetros fisiológicos estudados e a dose de 2mg/kg determina melhor efeito antinociceptivo que a dose de 1mg/kg.
ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the effect of epidural bupivacaine administration at the first lumbar vertebra on cardiopulmonary variables, arterial blood gases and anti-nociception. Sixteen healthy female dogs were randomly assigned into two groups based on bupivacaine dose: G1 group, 1mg kg-1 or G2 group, 2mg kg-1, diluted in the same final volume (1mL4kg-1). Cardiopulmonary variables were measured and arterial blood gas was collected (T0), it was repeated 10 minutes after intravenous administration of butorphanol 0.4mg kg -1 (T1). Anesthesia was induced with intravenous etomidate at 2mg kg-1 and the epidural catheter was introduced and placed at the first lumbar vertebra. Thirty minutes later, bupivacaine was administered epidurally. Cardiopulmonary measurements and arterial blood gas analysis were recorded at 10 minute intervals (T2 to T6). Evaluation of pre surgical anti-nociception was performed at 5 minute intervals for 30 minutes by clamping the hind limbs, anus, vulva, and tail with the dogs awake. Subsequently, ovariohysterectomy was performed and adequacy of surgical anti-nociception was evaluated at 5 time points. Parametric data were analyzed using the F test with a <0.05 significance. After bupivacaine administration, there were differences between groups just for bicarbonate means (HCO3 -) on T6 (P=0.0198), with 18.7±1.3 and 20.4±0.8 for G1 and G2, respectively. After T1, before bupivacaine administration, both groups presented a slightly lower pH, base excess (BE), the end-tidal carbon dioxide tension (PECO2), and partial pressure of carbon dioxide (PaCO2), suggesting mild metabolic acidosis. G2 showed better antinociceptive effect both before and during surgery. It was possible to perform ovariohysterectomy in 87.5% of the G2 bitches and 25% of the G1 bitches. The two doses of bupivacaine evaluated do not cause important alterations in the studied parameters and the dose of 2mg kg-1 results in a better antinociceptive effect.