Resumo Este artigo pretende compreender como a produção subjetiva do cuidado a um adolescente vítima de bullying ocorre em sua comunidade. A produção de subjetividades está atrelada ao cotidiano do adolescente, das relações que ele constrói e do suporte gerado pela comunidade no qual está inserido. A pesquisa cartográfica buscou acessar, por meio de entrevistas semiestruturadas, as experiências, as vivências e o trajeto tecido por ele em busca de amparo. Foi discorrido sobre a violência sofrida, seus percursos, seu autocuidado e suas redes de suporte. O cuidado produzido mostrou-se oscilante em todo o território. A escola utilizou estratégias pontuais em relação ao bullying e o setor saúde parece não ter alcançado a dimensão psíquica do sofrimento. Entretanto, no núcleo da família e de amigos foi possível inaugurar outras formas de afeto e atenção à saúde mental do adolescente. A entrevista cartográfica permitiu esboçar, a partir da perspectiva do adolescente, o frágil cuidado oferecido pela sua comunidade em relação ao bullying. Sinaliza-se então que ações de saúde, para serem efetivas, devem também considerar as subjetividades e as singularidades dos adolescentes, isto é, garantir um cuidado com respeito às diferenças e estímulo ao protagonismo dos jovens em seus territórios de passagem.
Abstract This article intends to understand how the subjective production of care to a teenager victim of bullying occurs in his community. The production of subjectivities is linked to the daily life of the adolescent, the relationships he builds and the support generated by the community in which he is inserted. The cartographic research sought to access, through semi-structured interviews, the experiences, background and the path woven by him in search of protection. It discusses the violence suffered, his routes, self-care and support networks. The care produced proved to be oscillating throughout the territory. The school used specific strategies in relation to bullying and the health sector seems not to have reached the psychic dimension of suffering. However, in the nucleus of the family and of friends it was possible to inaugurate other forms of affection and attention to the mental health of the adolescent. The cartographic interview allowed to outline, from the perspective of the adolescent, the fragile care offered by his community in relation to bullying. It is pointed out that health actions, in order to be effective, must also consider the subjectivities and singularities of adolescents, that is, to ensure care with respect to differences and to stimulate the protagonism of young people in their territory of passage.