Resumo: Introdução: O atendimento em serviços de saúde é, muitas vezes, a primeira possibilidade para a identificação de casos de violência contra crianças e adolescentes (VCCA). Sendo assim, o objetivo deste artigo foi avaliar a eficácia de um programa de intervenção desenvolvido para habilitar estudantes e profissionais da área da saúde a reconhecer e encaminhar casos de VCCA. Adicionalmente, buscou-se verificar em qual nível de formação (graduação, pós-graduação ou profissionais em exercício) uma intervenção desse porte teria maior efeito. Método: Trata-se de um estudo quase experimental, delineado a partir de uma análise com um grupo controle (GC) não equivalente. A pesquisa incluiu estudantes de Medicina, pós-graduandos da residência em pediatria e profissionais que atuam em instituições de saúde. Participaram, no total, 105 pessoas, sendo 89% de mulheres. Os participantes foram posteriormente subdivididos entre o grupo experimental - GE (n = 60) e grupo controle - GC (n = 45). Um programa de formação, composto por dez sessões (20 horas no total), acerca do tema foi desenvolvido e aplicado a um GE. Para avaliar a efetividade da intervenção, aplicou-se um questionário em períodos previamente determinados (pré-teste e pós-teste). Os dados foram submetidos a análises estatísticas (análises descritivas, teste t e de comparações múltiplas de Tukey), por meio do software R. Resultados: O pós-teste revelou alterações estatisticamente significativas em todas as dimensões avaliadas com o GE, o que comprova que a intervenção trouxe mudanças nas concepções prévias que os participantes tinham a respeito da VCCA. Além disso, quando se compararam as respostas obtidas nos questionários entre três grupos do GE (graduandos, pós-graduandos e profissionais em exercício), ficou constatado que não houve diferenças estatísticas intergrupos, o que sugere que programas desse porte têm efeitos positivos independentemente do nível da formação que está sendo ofertada. Conclusões: Este estudo evidenciou que programas de formação podem qualificar a concepção dos estudantes e profissionais da saúde, bem como auxiliar para que se sintam mais preparados para lidar com demandas relativas à VCCA. Cabe, no entanto, um esforço coletivo para que esses conteúdos sejam incorporados de forma propositiva no processo formativo em todos os níveis, da graduação à formação continuada.
Abstract: Introduction: Assistance in health services is often the first possibility for the identification of cases of Violence Against Children and Teenagers (VACT). Therefore, the aim of this article was to evaluate the effectiveness of an intervention program developed to enable students and health professionals to recognize and report cases of VACT. Additionally, we sought to verify at what level of training (undergraduate, postgraduate or working professional) such intervention would show the greatest effect. Method: This is a quasi-experimental study, of which design was based on the analysis of a non-equivalent Control Group (CG). The research included undergraduate medical students, postgraduate medical students attending pediatric residency and professionals working in health institutions. A total of 105 people participated, of which 89% were women. The participants were subsequently subdivided between the Experimental Group - EG (n = 60) and Control Group - CG (n = 45). A training program on the topic, consisting of 10 sessions (20h in total), was developed and applied with an EG. To assess the effectiveness of the intervention, a questionnaire was applied at previously determined periods (pre-test and post-test). The data were submitted to statistical analysis (descriptive analyses, t test and Tukey’s multiple comparison test), using the software R. Results: The post-test showed statistically significant changes in all dimensions evaluated with the EG, which proves that the intervention resulted in changes regarding the previous conceptions that the participants had about VACT. Additionally, when comparing the responses obtained in the questionnaires between the three EG groups (undergraduate, postgraduate students and working professionals), it was verified that there were no statistical differences between the groups, suggesting that educational programs have positive effects on all levels of training. Conclusions: This study showed that training programs can qualify the conception of students and health professionals, as well as help them feel more prepared to deal with the demands related to VACT. However, a collective effort is needed so that these contents are purposefully incorporated into the training process at all levels, from undergraduate school to continuing education.