RESUMO Objetivou-se com o presente trabalho avaliar a estabilidade temporal do Carbono Orgânico Total do Solo (COT) sob diferentes condições de manejo da Caatinga. O experimento foi realizado na Micro Bacia Experimental do Vale do Curu, localizada no município de Pentecoste-CE. As amostragens foram realizadas em duas parcelas de Caatinga sendo a primeira um estrato em preservação há 35 anos (CP35), e a segunda em uma área de raleio há 30 anos (CR30), os pontos amostrais foram distribuídos em uma malha uniforme de 30x30 m. Foram realizadas coletas entre fevereiro de 2016 a abril de 2017 na profundidade de 0-0,2 m. O solo foi acondicionado e posteriormente analisado para a determinação do COT, em seguida aplicaram-se os testes não paramétricos de Spearman, Diferença Relativa Média (DRM) e o Índice de Estabilidade Temporal (IET) para a avaliação da estabilidade do COT. Observou-se uma maior correlação entre datas de coletas para a parcela CR30 em comparação com a CP35 por meio do teste de Spearman. A DRM da CP35 apresentou mais pontos com diferença relativa que se aproximam de zero, enquanto CR30 apresentou mais pontos com menor desvio padrão. Quando se aplicou o IET à CR30 apresentou um maior número de pontos indicados para serem utilizados por possuírem melhor estabilidade temporal. Portanto, pode-se concluir que a Caatinga raleada dispõe de maior estabilidade temporal que a Caatinga em preservação com valores do Índices de Estabilidade Temporal cerca de 1,5 vezes maior. O raleamento da vegetação promove homogeneização do Carbono Orgânico Total no Solo (COT), enquanto o pousio, característico manejo de preservação, maior heterogeneidade.

ABSTRACT The objective of this work was to evaluate the temporal stability of total organic carbon (TOC) of soils under different uses in areas with Caatinga vegetation. The experiment was conducted in an experimental farm that encompasses a watershed in the Curu River Valley, in Pentecoste, state of Ceara, Brazil. Soil samples were collected in two areas with Caatinga vegetation under different uses-one with a 35-year preserved area (CP35) and one with a 30-year pasture area (CR30)-and the sampling points were distributed using a 30×30 m uniform grid. Soil samples of the 0-0.2 m layer were collected between February 2016 and April 2017 to determine TOC; and nonparametric Spearman's correlation, mean relative difference (MRD), and temporal stability index (TSI) tests were applied to evaluate TOC stability. The Spearman's test showed a higher correlation between collection dates for CR30 than for CP35. The DRM showed more points with relative differences approaching zero for CP35, and more points with lower standard deviation for CR30. The TSI indicated a greater number of points to be used for CR30 because they have better temporal stability. Therefore, the TOC of the CR30 has better temporal stability than that of the CP35, presenting TSI of approximately 1.5-fold that of the CP35. The thinning of the vegetation in CR30 homogenized the soil TOC, whereas the fallow area, which were preserved, had greater heterogeneity.

RESUMO As florestas secas são amplamente distribuídas nos trópicos, e estudos que visam quantificar o estoque de carbono nessas florestas são importantes para que possa ser quantificada sua participação como mitigadora dos efeitos das mudanças climáticas. Nesse sentido, objetivou-se com essa pesquisa quantificar o estoque de carbono nos componentes: arbustivoarbóreo, herbáceo, serrapilheira e raízes em um fragmento de floresta tropical seca, com 30 anos de regeneração, no município de Iguatú-CE. Inicialmente, realizou-se o inventário da vegetação, através de um levantamento florístico e fitossociológico do componente arbustivo-arbóreo. Posteriormente, estimou-se sua biomassa, empregando-se equações alométricas; em sequencia foi quantificado o carbono estocado. Já o estoque de carbono contido na serrapilheira e nas plantas herbáceas foi determinado através do monitoramento de suas biomassas, durante 24 meses, com posterior conversão dessas para carbono. O estoque de carbono contido nas raízes foi estimado através do produto entre suas biomassas e a concentração de carbono, para isso foram coletadas 20 amostras na camada de até 30 cm de profundidade no período seco e chuvoso, totalizando 40 amostras por ano. O teor de carbono varia de acordo com o compartimento avaliado, e somando-se o carbono estocado nos compartimentos arbustivo-arbóreo (19,27 t ha-1), serrapilheira (2,62 t ha-1), plantas herbáceas (0,57 t ha-1) e raízes (4,73 t ha-1), o carbono total estocado na floresta tropical seca com 30 anos de regeneração está em torno de 27,19 t C ha-1. Isso evidencia, portanto, a contribuição efetiva da floresta tropical seca na diminuição do CO2 atmosférico.

ABSTRACT The dry forests are the type most widely distributed vegetation in the tropics, and studies aimed at quantifying the carbon stock in these forests are important for it to be quantified their participation as mitigating the effects of climate change. With that in mind, the aim of this research was to quantify the carbon stocks in the woody, herbaceous, litter and root components of a patch of dry tropical forest, with 30 years of regeneration in Iguatu-CE, Brazil. Initially the vegetation was inventoried by means of a floristic and phytosociological survey of the woody component in a 1 ha area which had been under conservation. The biomass was then estimated employing allometric equations, and the stored carbon was quantified. Stocks of carbon in the litter and the herbaceous plants were determined by monitoring their biomass over 24 months, with subsequent conversion into carbon. Carbon stocks in the roots were estimated as the product of their biomass and carbon concentrations, for this were collected 20 samples at a depth of up to 30 cm deep in the dry and rainy season. It was found that the carbon content varies with the chamber and evaluated by adding carbon stored in woody compartments (19,27 t ha-1) litter (2.62 t ha-1) plants herbaceous (0.57 t ha-1) and roots (4.73 t ha-1), the total carbon stored in the dry tropical forest with 30 years of regeneration is around 27.19 t C ha-1. The dry tropical forest acts effectively in reducing CO2 atmospheric.