Objetivo Descrever os resultados da nasalidade de fala de indivíduos com fissura labiopalatina e comparar os achados de nasalidade estabelecidos por meio do julgamento perceptivo-auditivo realizado ao vivo com os achados estabelecidos por análise de gravações por juízes, em dois tipos de amostras de fala. Métodos O estudo envolveu a análise retrospectiva dos resultados de avaliações perceptivo-auditivas da nasalidade de fala realizadas ao vivo por uma fonoaudióloga e o julgamento prospectivo, por consenso de juízas de 100 gravações de amostras de fala, obtidas durante a produção de dois conjuntos de estímulos de fala: um com consoantes de alta pressão (CAP, n=100) e outro com consoantes de baixa pressão (CBP, n=100). Os dados pertenciam a pacientes de ambos os gêneros, com idades entre 5 e 12 anos, que tiveram a fissura labiopalatina operada por um mesmo cirurgião. Resultados A ausência de hipernasalidade foi constatada em 69% dos julgamentos ao vivo. Quando presente, a hipernasalidade leve foi constatada em 23% dos casos, enquanto a hipernasalidade moderada em 8%. Para os julgamentos das amostras gravadas, 50% foram identificadas com hipernasalidade durante a produção das amostras CAP e 62% durante a das amostras CBP. Diferença significativa foi encontrada entre o resultado do julgamento ao vivo e o julgamento pelas juízas nas amostras CAP. A concordância entre as modalidades de avaliação variou de 79% para as amostras CAP e 80% para as amostras CBP, sendo considerada moderada. Conclusão O julgamento perceptivo ao vivo da nasalidade de fala pode detectar melhor a ausência de hipernasalidade, seguida pela hipernasalidade de grau leve, em comparação com o julgamento realizado por juízes múltiplos, a partir de amostras gravadas. Contudo, tem a desvantagem de os dados não poderem ser reproduzidos, nem quantificados, nem compartilhados por outros membros da equipe.
Purpose To describe the results of speech nasality of individuals with cleft lip and palate, and to compare auditory-perceptual judgments of nasality between live ratings and multiple judges ratings of recorded speech, for two sets of speech stimuli. Methods The study involved the retrospective analysis of the results of auditory-perceptual assessments of speech nasality performed live by a single speech-language pathologist and a prospective judgment of 100 recordings of speech samples obtained during production of two sets of speech stimuli: one with high pressure consonants (HPC, n=100) and another with low pressure consonants (LPC, n=100). The data belonged to patients, of both genders, with ages between 5 and 12 years, with cleft lip and palate operated by the same surgeon. Results The absence of hypernasality was found for 69% of the patients during live assessment. When present, mild hypernasality was found for 23% and moderate for 8% of the patients. For judge ratings of recorded samples, 50% was identified as hypernasal during production of samples with high pressure consonants, and 62% for the samples with low pressure consonants. A statistically significant difference was found between the live perceptual judgments and judges’ ratings of the recorded samples only for the stimuli with high pressure consonants. The agreement between the methods of assessment was 79% for HPC samples and 80% for LPC samples, within the moderate range. Conclusion Live perceptual judgment of speech nasality revealed higher occurrence of absence of hypernasality followed by presence of mild hypernasality, when compared to multiple judges of recorded samples. The live clinical assessment of speech, however, has the disadvantage that the data may not be reproduced, quantified or shared by other team members.