Resumo Introdução: A mastoidite aguda continua a ser a complicação mais comum da otite média aguda. Pode ocorrer também, embora raramente, em pacientes com implante coclear. Entretanto, as recomendações de tratamento para essa doença não são bem definidas ou usadas e, na literatura corrente, as diferenças em relação ao diagnóstico e ao manejo são relativamente significativas. Objetivo: O objetivo deste estudo foi determinar um procedimento padrão e seguro a ser aplicado em caso de mastoidite aguda pediátrica. Método: Foi realizada uma revisão retrospectiva de prontuários de 73 pacientes com 83 episó-dios de mastoidite aguda hospitalizados em nosso centro terciário entre os anos de 2001 a 2016. Foram analisados a bacteriologia, métodos de tratamento, evolução hospitalar, complicações e histórico otológico. Com base em nossa experiência e dados da literatura, foi estabelecido um protocolo para padronizar o tratamento da mastoidite aguda pediátrica. Resultados: Todos os pacientes tratados para mastoidite aguda foram submetidos a antibioticoterapia endovenosa. No grupo analisado, o tratamento farmacológico só foi aplicado em 11% das crianças, em 12% a miringotomia/timpanostomia foi adicionada e na maior parte dos pacientes (77%) foi feita a mastoidectomia. Em nosso estudo, mastoidite recorrente foi observada em 8% dos pacientes. Também observamos mastoidite aguda em criança usuária de implante coclear e, nesse caso, foi recomendada a minimização de procedimentos cirúrgicos, a fim de proteger o dispositivo. Conclusões: Os principais pontos do protocolo de conduta são: iniciar um tratamento antibiótico endovenoso de amplo espectro; a mastoidectomia deve ser feita caso a infecção não seja controlada após 48 horas da administração de antibioticoterapia intravenosa. Acreditamos que a mastoidectomia precoce previne complicações graves e nossa observação inicial é que, com uma mastoidectomia ampla com exposição do ático posterior e do recesso facial, a recorrência de mastoidite aguda pode ser evitada.
Abstract Introduction: Acute mastoiditis remains the most common complication of acute otitis media. It may rarely appear also in cochlear implant patients. However, the treatment recommendations for this disease are not precisely defined or employed, and in the current literature the differences regarding both the diagnosis and management are relatively substantial. Objective: The aim of this study was to determine a standard and safe procedure to be applied in case of pediatric acute mastoiditis. Methods: A retrospective chart review of 73 patients with 83 episodes of acute mastoiditis hospitalized at our tertiary-care center between 2001 and 2016 was conducted. Bacteriology, methods of treatment, hospital course, complications, and otologic history were analyzed. Based on our experience and literature data, a protocol was established in order to standardize management of pediatric acute mastoiditis. Results: All the patients treated for acute mastoiditis were submitted to an intravenous antibiotic regimen. In the analyzed group pharmacological treatment only was applied in 11% of children, in 12% myringotomy/tympanostomy was added, and in the vast majority of patients (77%) mastoidectomy was performed. In our study recurrent mastoiditis was noted in 8% of the patients. We also experienced acute mastoiditis in a cochlear implant child, and in this case, a minimal surgical procedure, in order to protect the device, was recommended. Conclusions: The main points of the management protocol are: initiate a broad-spectrum intravenous antibiotic treatment; mastoidectomy should be performed if the infection fails to be controlled after 48 h of administering intravenous antibiotic therapy. We believe that early mastoidectomy prevents serious complications, and our initial observation is that by performing broad mastoidectomy with posterior attic and facial recess exposure, recurrence of acute mastoiditis can be prevented.