Resumo O jornalismo, como outras indústrias, foi profundamente impactado pelas transformações da era digital e do mundo do trabalho. Observa-se, porém, uma lacuna na produção acadêmica envolvendo trabalho e jornalismo. Ademais, há poucos estudos sobre demissão que abordam o fenômeno a partir de uma perspectiva ampliada, identificando como a demissão afeta a perspectiva do sujeito e força o trabalhador a refletir sobre as projeções futuras da profissão e da carreira. Assim, o objetivo deste artigo é compreender como jornalistas que vivenciaram demissões coletivas enxergam o futuro da profissão e da carreira. Neste estudo, qualitativo e exploratório, foram entrevistados 18 jornalistas, em 3 grupos focais (GF), e 1 especialista no tema. Como resultados, a demissão, ao evidenciar a vulnerabilização da carreira jornalística - em que a precarização, a desesperança em obter melhoras e o desmantelamento dos laços pessoais refletem dilemas e sofrimentos causados pela perda do sentido do trabalho - representou um ponto de inflexão na carreira dos entrevistados (DELUCA e ROCHA-DE-OLIVEIRA, 2016). Uma parte dos entrevistados deixou o jornalismo e a maioria dos demais planeja sair ou não tem certeza se permanecerá na profissão e responsabiliza-se pela busca de saídas. Como contribuições, este estudo aproxima e aborda simultaneamente as perspectivas micro e macro (ABBOTT, 1993), enfoque raramente encontrado nos estudos nacionais em Administração, e intersecciona temas em geral discutidos isoladamente: carreira, demissão e relações de trabalho. Além disso, contribui com os estudos de carreira, ao adotar a perspectiva do ponto de inflexão na análise da demissão, em geral centrada na vivência e nos impactos negativos nos estudos sobre o tema (VACLAVIK, PITHAN, AVILA et al., 2017a). Por fim, expande o interesse de análise para uma ocupação externa à Administração, cuja produção tem absoluto predomínio endógeno.
Abstract Technologies of the digital era have deeply impacted the world of work and several sectors such as the news industry. Despite significant changes in newsrooms worldwide, there is a research gap in labor and journalism. Besides, few studies concerning job cuts and layoffs approach the issue broadly, identifying how redundancies affect workers and force them to think about the future of their profession and career. This article aims to understand how laid off survivors and victims see the future of their profession and career in this complex scenario. For this qualitative and exploratory research, interviews were conducted with 18 journalists, in three focus groups, and an expert in the field. Findings demonstrate that experiencing an organizational downsizing represented a turning point (DELUCA and ROCHA-DE-OLIVEIRA, 2016) by evidencing that journalist’s career has become vulnerable in a context where job insecurity, hopelessness, precariousness and damaged personal ties mirror dilemmas and suffering. Some of the interviewees left journalism and most of the others either plan to leave or are not sure whether they will remain in the profession, taking responsibility for finding a way out. This article brings together micro and macro perspectives (ABBOTT, 1993), an approach rarely found in Brazilian studies in Administration, and intersects topics generally discussed separately: career, redundancy and labor relations. Moreover, it contributes to career studies by using the turning point perspective to analyze layoffs, which are generally centered on the experience and its negative impacts (VACLAVIK, PITHAN, AVILA et al., 2017). Finally, it expands the scope of analysis to an occupation outside the Administration field, whose academic production is predominantly endogenous.
Resumen El periodismo ha sido profundamente impactado por las transformaciones de la era digital y del mundo del trabajo. Sin embargo, se observa que hay una brecha en la producción académica sobre trabajo y periodismo. Además, pocos estudios sobre el despido abordan el tema en términos generales, identificando cómo los trabajadores son afectados cuando se los obliga a reflexionar sobre las proyecciones futuras de profesión y carrera. Este estudio intenta comprender cómo los periodistas que vivieron un despido masivo ven el futuro de su profesión y su carrera. Cualitativa y exploratoria, esta investigación entrevistó a 18 periodistas en tres grupos focales y una especialista en el tema. Los hallazgos demuestran que el despido fue un punto de inflexión (DELUCA, ROCHA-DE-OLIVEIRA, 2016), porque la carrera de periodista se vuelve vulnerable, y la realidad de inseguridad laboral, desesperanza, precariedad y lazos personales dañados refleja dilemas y sufrimientos. Una parte de los entrevistados dejó el periodismo y la mayoría de los demás planea salir o no está segura si permanecerá en la profesión y se responsabiliza por encontrar salidas. Como contribuciones, este estudio acerca y aborda simultáneamente las perspectivas micro y macro (ABBOTT, 1993), lo que poco hacen los estudios nacionales en Administración, y cruza temas en general discutidos aisladamente: carrera, despido y relaciones de trabajo. Además, contribuye a los estudios de carrera con la perspectiva del punto de inflexión en el análisis del despido, en general centrada en la vivencia y sus impactos negativos en los estudios sobre el tema (VACLAVIK, PITHAN, AVILA et al., 2017). Por último, expande el interés del análisis a una ocupación externa a la Administración, cuya producción tiene absoluto predominio endógeno.