OBJETIVO: Abuso de substâncias e maus-tratos têm sido altamente associados com déficits nas funções executivas, porém pouco se conhece sobre o impacto da disfunção executiva nas atividades da vida real, especialmente em adolescentes. O objetivo deste estudo foi investigar a presença de déficits nas funções executivas em adolescentes abusadores de substâncias com histórico de maus-tratos, comparando-os com um grupo de jovens controles saudáveis, assim como analisar a associação entre o desempenho executivo e o nível de escolaridade dos participantes. MÉTODO: A amostra foi composta por 15 adolescentes abusadores de substâncias, vítimas de maus tratos e 15 adolescentes saudáveis, sem história de maus-tratos. Todos os participantes foram avaliados pela Bateria de Avaliação Frontal, composto por seis subtestes: Conceituação, Flexibilidade mental, Programação motora, Sensibilidade à interferência, Controle inibitório e Autonomia Ambiental RESULTADOS: Os adolescentes abusadores não diferiram dos controles saudáveis em variáveis sócio-demográficas, tais como idade, etnia e lateralidade. No entanto, apresentaram desempenho significativamente abaixo dos controles em quase todos os domínios das funções executivas, incluindo capacidade de abstração, flexibilidade cognitiva, planejamento motor e sensibilidade à interferência. Os adolescentes vítimas de maus tratos concluíram menos anos de educação formal do que os controles. A pontuação total da Bateria de Avaliação Frontal correlacionou com o nível de escolaridade, na amostra total (r = 0.511; p < 0.01). CONCLUSÃO: Os adolescentes abusadores de substâncias com histórico de maus-tratos apresentam prejuízos em várias medidas de Funções Executivas. Os resultados da Bateria de Avaliação Frontal associam-se com os anos completados de escolaridade. Nossos resultados evidenciam o impacto negativo da disfunção executiva no aproveitamento escolar em adolescentes. Estratégias com foco em reabilitação neuropsicológica podem ser relevantes para ajudar adolescentes abusadores de substâncias e vítimas de maus tratos a atingirem melhor aproveitamento na escola e, talvez, na vida como um todo.
OBJECTIVE: Substance abuse and maltreatment are highly associated with Executive Cognitive Function impairments, but very little is known about how symptoms of a condition known as Dysexecutive Syndrome may impact on real-life activities, especially in adolescents. This study investigated the presence of Executive Cognitive Function deficits in maltreated substance-abusing adolescents relative to healthy control subjects and analyzed the association between executive performance and educational attainment. METHOD: The sample consisted of 15 maltreated adolescent substance abusers and 15 non-maltreated healthy adolescents (controls). They were assessed by the Frontal Assessment Battery, composed of six subtests: Conceptualization, Mental flexibility, Motor programming, Sensitivity to interference, Inhibitory control, and Environmental autonomy. RESULTS: Maltreated adolescents did not differ from controls in sociodemographic variables such as age, ethnicity, and handedness. However, they performed significantly and importantly below controls in almost all domains of Executive Cognitive Function, including abstract abilities, cognitive flexibility, motor planning, and sensitivity to interference. Maltreated adolescents also completed fewer years of formal education vs. controls. The Frontal Assessment Battery total score correlated with educational attainment throughout the sample (r = 0.511; p < 0.01). CONCLUSION: Substance-abusing adolescents with a history of maltreatment performed more poorly vs. controls on a variety of measurements of executive functioning, and the results of the Frontal Assessment Battery were associated with educational attainment. Our results evidence a negative impact of dysexecutive symptoms on educational attainment in adolescents. Strategies focusing on neuropsychological rehabilitation may be relevant to help substance-abusing and maltreated adolescents to perform better at school and perhaps in life.