OBJETIVO: Estudar as principais características clínicas dos pacientes com insuficiência cardíaca sobreviventes há mais de 24 meses após hospitalização para compensação. MÉTODOS: Estudados 126 pacientes com insuficiência cardíaca, em classe funcional III ou IV, com idade média de 51,7 anos, a maioria homens (73%), com fração de ejeção (FE) média de 0,36 e diâmetro diastólico (DD) do VE de 7,13 cm. Avaliaram-se as principais características clínicas e laboratoriais e no seguimento identificaram-se 25 (19.8%) pacientes que sobreviveram mais de 24 meses após a alta hospitalar. Compararam-se os dados dos sobreviventes (G1) aos dos que faleceram (G2) antes de 24 meses. RESULTADOS: No G1 encontraram-se níveis mais elevados do sódio sérico (138,3±3,4 vs 134,5±5,8 mEq/l; p=0,001), da pressão arterial (120,0 vs 96,7 mmHg; p=0,003) e da FE do VE (0,40±0,08 vs 0,34±0,09; p=0,004) e valores menores da uréia (59,8 vs 76,3 mg/dl; p=0,007), do tempo de protrombina (12,9 vs 14,8s; p=0,001), do DDVE (6,78±0,55 vs 7,22±0,91; p=0,003) e do diâmetro do AE (4,77 vs 4,99cm; p=0,0003). Houve mais sobreviventes entre os portadores de cardiomiopatia idiopática e hipertensiva do que entre os chagásicos e doença coronariana. Na análise multivariada permaneceram como variáveis preditoras independentes da mortalidade o DDVE > 7,8 cm (HR 1,95), o Na < 132 mEq/l (HR 2,30) e o tempo de protrombina > 14 seg (HR 1,69). CONCLUSÃO: O estudo permite predizer quais os pacientes com insuficiência cardíaca que poderão apresentar uma boa sobrevida após a alta e os com maior possibilidade de longa sobrevivência após a alta.
OBJECTIVE: To study the major clinical characteristics of patients with heart failure who survived more than 24 months after hospitalization for compensation. METHODS: The study comprised 126 patients with heart failure in functional class III or IV, with a mean age of 51.7 years. Most patients were men (73%), had a mean ejection fraction (EF) of 0.36 and left ventricular diastolic diameter (DD) of 7.13 cm. The major clinical and laboratory characteristics were assessed, and, on follow-up, 25 (19.8%) patients, who survived more than 24 months after hospital discharge, were identified. Data of survivors (G1) were compared with those of patients who died (G2) before 24 months. RESULTS: In G1, the following levels were greater: serum sodium (138.3±3.4 vs 134.5±5.8 mEq/L; P=0.001); blood pressure levels (120.0 vs 96.7 mm Hg; P=0.003); and LVEF levels (0.40±0.08 vs 0.34±0.09; P=0.004); and the following levels were lower: urea (59.8 vs 76.3 mg/dL; P=0.007); prothrombin time (12.9 vs 14.8 seconds; P=0.001); LVDD (6.78±0.55 vs 7.22±0.91; P=0.003); and LA diameter (4.77 vs 4.99cm; P=0.0003). More survivors were found among patients with idiopathic cardiomyopathy and arterial hypertension than among patients with Chagas' disease and coronary artery disease. In multivariate analysis, the following variables remained as independent predictors of mortality: LVDD > 7.8 cm (HR 1.95); Na < 132 mEq/L (HR 2.30); and prothrombin time > 14 seconds (HR 1.69). CONCLUSION: The study allowed predicting which patients with heart failure will have a good survival after hospital discharge and those with a greater chance of a long survival after discharge.